São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Crítica/Paralela

Apesar de comercial, mostra cresce e atinge melhor edição

Obras de destaque dialogam com espaço da Paralela, organizada por galerias de SP

Rafael Hupsel - 23.out.08/Folha Imagem
Obra da artista Sandra Cinto em exposição na 4ª edição da Paralela, que termina domingo, nos galpões do Liceu de Artes e Ofícios

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua quarta versão, a Paralela, mostra organizada por galerias paulistanas simultaneamente à Bienal de São Paulo, chega à sua edição mais madura.
Não é mais um amontoado de trabalhos díspares, pois agora, segundo a curadoria de Rodrigo Moura, não há mais uma cota de artistas fechada por galeria. Com isso, o curador conseguiu maior liberdade para organizar de fato uma exposição, decidindo a lista de artistas, ao invés de se responsabilizar apenas pela seleção de obras e sua colocação no espaço.
Assim, "De Perto e de Longe", o título desta Paralela, é uma reunião coesa, com trabalhos que possuem uma poética alinhada num sentido próximo.
Mesmo assim, ainda é uma exposição um tanto tradicional, para não se dizer comercial -afinal são poucos os artistas que criaram obras novas, e a maioria dos formatos, com algumas exceções, é mesmo "prêt-à-porter", facilitando as vendas tanto para compradores como para vendedores.

Diálogo com o espaço
Como costuma ocorrer em exposições coletivas desse porte, aliás, sobressaem-se justamente essas exceções, em trabalhos que conseguem um melhor diálogo com o espaço, uma descoberta desta Paralela, os ótimos galpões do Liceu de Artes e Ofícios.
Nesse sentido, um dos trabalhos mais notáveis é "Para Goeldi Silêncio", de Nuno Ramos, um baixo relevo escavado no próprio chão do local e preenchido com óleo queimado, o que faz o teto e o entorno se refletir na gravura de Oswaldo Goeldi (1895-1961), que serve como tema para a obra.
Outro trabalho que se sobressai é a instalação do argentino radicado no Brasil Nicolás Robbio. Por meio de três projetores, Robbio cria a impressão de que janelas reais deixam passar luzes, quando o conjunto trata da questão da representação -tema que o artista costuma abordar em seus trabalhos, mas que chega nesse a uma de suas mais surpreendentes versões.

Fotografia em destaque
Ainda com intervenções no espaço, Lucia Koch e Márcia Xavier criam trabalhos também potentes, que lidam com luz e transparência.
Em se tratando de uma mostra com caráter nacional, não deixa de ser relevante como a fotografia é uma linguagem com grande destaque.
Isso pode ser comprovado por meio de artistas como Claudia Andujar, Rosangela Rennó, Rochelle Costi, Miguel Rio Branco e Mauro Restiffe, cada um apontando para distintas possibilidades no trabalho fotográfico.
"De Perto e de Longe" é uma mostra que acerta ainda ao incorporar obras de um passado recente, como as de Antonio Dias e Artur Barrio, mostrando que a vitalidade da produção atual tem fortes raízes.

PARALELA DE PERTO E DE LONGE
Quando: ter. a sex., das 12h às 18h; sáb. e dom., das 10h às 18h; até domingo (7/12)
Onde: galpões do Liceu de Artes e Ofícios (r. João Teodoro, 565; tel. 0/xx/11 7040-1743; livre
Quanto: entrada franca
Avaliação: bom



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