|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Grupo passeia pela história do circo
DA REPORTAGEM LOCAL
Curioso o caminho da periferia
ao centro percorrido pelo espetáculo "O Auto do Circo", com a
Cia. Estável de Teatro, sobre a saga transcontinental de uma família imigrante que busca equilibrar
a vida sob a lona.
A montagem do texto de Luís
Alberto de Abreu, pela diretora
convidada Renata Zhaneta, estreou em 2004 na zona leste de
São Paulo. É fruto de extinto projeto de residência da cia. no teatro
municipal Flávio Império, sob
amparo da Lei de Fomento, o que
ativou o público do bairro de
Cangaíba e outras regiões.
Em 2005, vingou apenas uma
única apresentação no teatro Gazeta, em plena avenida Paulista.
Três semanas atrás, a montagem
participou da mostra oficial do
Festival de Teatro de Curitiba, na
Ópera de Arame.
Hoje, "O Auto do Circo" chega
ao Centro Cultural São Paulo para
temporada de cinco semanas.
Chance para rever ou conhecer o
trabalho desse grupo de sete atores que conseguiu agregar artistas
antenados com essa arte popular.
Vide a direção circense de Marcelo Milan, a concepção musical
de Reinaldo Sanches e a consultoria da historiadora Ermínia Silva.
Além, é claro, da parceria com
Abreu, dramaturgo dedicado à
pesquisa da comédia popular na
Fraternal Cia. de Artes e Malas-Arte, e de Renata Zhaneta, atriz e
uma das fundadoras do grupo Folias d'Arte.
Na história de Abreu, com brechas para a commedia dell'arte e o
circo-teatro, o velho e ranzinza
palhaço Coscorão, interpretado
por Nei Gomes, tem como principal interlocutor o jovem e espevitado palhaço Ximbeva, vivido por
Jhaíra. Dá-se a química da dupla
com as máscaras tradicionais do
picadeiro: o "branco", que pensa
que é esperto em sua pretensa retidão, e o "augusto", que se diverte o tempo todo e é esperto (talvez) sem sabê-lo.
Da origem do seu circo no século 19, pelos avós que moravam na
Europa, até a chegada da trupe ao
Brasil, Coscorão oscila o passado
e o presente, atravessa momentos
de lirismo e de tragédia em meio a
tradicionais números aéreos ou
de solo. A dramaturgia propicia
leitura da própria história do circo familiar no país.
"O espetáculo coroa uma questão que a Estável se coloca desde
sua criação, em 1998: qual a necessidade da arte, do artista para a
sociedade?", diz o ator Nei Gomes, 28. A reflexão também envereda pelo resgate da memória em
nossa cultura.
(VS)
O Auto do Circo
Quando: estréia hoje, às 21h; ter. a qui.,
às 21h; até 4/5
Onde: Centro Cultural São Paulo (r.
Vergueiro, 1.000, 3277-3611)
Quanto: R$ 12
Texto Anterior: Novo "Godot" vê homem do século 21 Próximo Texto: Erudito: Russos premiados tocam Schubert Índice
|