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Ibirapuera recebe Bamberg hoje
Orquestra alemã faz apresentação gratuita a partir das 11h, no parque, com regência do maestro inglês Jonathan Nott
Amanhã e terça, concertos serão na Sala São Paulo, com participação de Matthias Goerne, um dos maiores cantores eruditos alemães
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Hoje é dia de concerto internacional no parque Ibirapuera.
A Sinfônica de Bamberg, orquestra alemã fundada em
1946, que tem se apresentado
por aqui com freqüência, faz
um concerto ao ar livre, às 11h,
na ala externa do Auditório Ibirapuera, com entrada franca.
Oriunda de uma cidade no
Estado da Bavária e regida pelo
inglês Jonathan Nott, a sinfônica toca, hoje, a sétima sinfonia
de Beethoven, em programa
complementado por cinco danças eslavas de Dvorák e pelo
quarto movimento do "Concerto Romanesco", de Ligeti.
Amanhã e terça, na Sala São
Paulo, o grupo abre a temporada 2008 do Mozarteum Brasileiro, tendo, como solista convidado, um dos maiores cantores de "lied" da atualidade: o
alemão Matthias Goerne, 41.
"Lied" (pronuncia-se "lid") é
o nome que se dá à canção erudita alemã. Embora seja aclamado pela crítica nas poucas
vezes em que dedica à ópera,
Goerne (que já esteve aqui em
2000) preferiu dedicar sua carreira ao "lied", concentrando-se em recitais com piano solo e
concertos com orquestra.
"Decidi por uma vida não
apenas mais confortável como
mais estimulante intelectualmente", afirma. "Prefiro poder
estudar e explorar um repertório mais amplo de canções do
que ter que viajar o ano inteiro
cantando sempre a mesma
meia dúzia de papéis de ópera."
Em ambas as apresentações,
ele ataca os "lieder" (plural de
"lied") que Gustav Mahler escreveu a partir dos textos de
"Des Knaben Wunderhorn" (a
trompa mágica do menino), coletânea de poesia germânica de
gosto folclórico do século 19.
Amanhã, quando a orquestra
vai executar uma obra mais
breve, a segunda sinfonia de
Brahms, ele pretende cantar
todas as canções de "Wunderhorn". Já para a terça, quando a
sinfônica executa uma peça
mais longa, a primeira sinfonia
de Mahler, o barítono reservou
uma seleção de sete "lieder" de
"Wunderhorn".
"Mahler compôs essas canções quando o mundo estava
muito militarizado. Dá para
sentir as sombras negras que
pairavam na atmosfera daqueles tempos", diz. "Musicalmente elas são muito bonitas, mesmo quando falam de coisas terríveis; essa ambivalência me
atrai", diz.
Ele gravou as canções em
2002, para o selo Decca, sob a
batuta de Riccardo Chailly, mas
não esconde sua insatisfação
com o resultado, já que o disco
teve não apenas a participação
de uma soprano -como é tradicional no caso de "Wunderhorn"-, mas também de uma
mezzo-soprano e de um tenor.
"Foi uma jogada de marketing
de Chailly e da gravadora."
Para a gravadora Harmonia
Mundi, Goerne está começando um ambicioso projeto -11
CDs com "lieder" de Schubert.
Goerne teve o privilégio de estudar o "lied" com dos dois
mais destacados cantores germânicos do século 20, o barítono Dietrich Fischer-Dieskau,
82, e a soprano Elisabeth
Schwarzkopf (1915-2006).
Dieskau e Schwarzkopf fizeram uma elogiada gravação de
"Wunderhorn". Para Goerne,
as lições da soprano foram de
maior valia do que as do barítono. "Schwarzkopf era menos
intelectual e mais próxima como ser humano", compara.
"Enquanto Dieskau falava mais
de interpretação, ela focava nos
aspectos vocais e em como deveríamos estar próximos da
idéia original do compositor.
Ela parecia mais envolvida."
SINFÔNICA DE BAMBERG
Quando: hoje, às 11h
Onde: ala externa - Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, portão 3,
pq. Ibirapuera, tel.: 3629-1000).
Quanto: entrada franca
Quando: seg. e ter., às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio
Prestes, s/nº, tel. 3223-3966)
Quanto: R$ 85 a R$ 230
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