São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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Ibirapuera recebe Bamberg hoje

Orquestra alemã faz apresentação gratuita a partir das 11h, no parque, com regência do maestro inglês Jonathan Nott

Amanhã e terça, concertos serão na Sala São Paulo, com participação de Matthias Goerne, um dos maiores cantores eruditos alemães


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Hoje é dia de concerto internacional no parque Ibirapuera. A Sinfônica de Bamberg, orquestra alemã fundada em 1946, que tem se apresentado por aqui com freqüência, faz um concerto ao ar livre, às 11h, na ala externa do Auditório Ibirapuera, com entrada franca.
Oriunda de uma cidade no Estado da Bavária e regida pelo inglês Jonathan Nott, a sinfônica toca, hoje, a sétima sinfonia de Beethoven, em programa complementado por cinco danças eslavas de Dvorák e pelo quarto movimento do "Concerto Romanesco", de Ligeti.
Amanhã e terça, na Sala São Paulo, o grupo abre a temporada 2008 do Mozarteum Brasileiro, tendo, como solista convidado, um dos maiores cantores de "lied" da atualidade: o alemão Matthias Goerne, 41.
"Lied" (pronuncia-se "lid") é o nome que se dá à canção erudita alemã. Embora seja aclamado pela crítica nas poucas vezes em que dedica à ópera, Goerne (que já esteve aqui em 2000) preferiu dedicar sua carreira ao "lied", concentrando-se em recitais com piano solo e concertos com orquestra.
"Decidi por uma vida não apenas mais confortável como mais estimulante intelectualmente", afirma. "Prefiro poder estudar e explorar um repertório mais amplo de canções do que ter que viajar o ano inteiro cantando sempre a mesma meia dúzia de papéis de ópera."
Em ambas as apresentações, ele ataca os "lieder" (plural de "lied") que Gustav Mahler escreveu a partir dos textos de "Des Knaben Wunderhorn" (a trompa mágica do menino), coletânea de poesia germânica de gosto folclórico do século 19.
Amanhã, quando a orquestra vai executar uma obra mais breve, a segunda sinfonia de Brahms, ele pretende cantar todas as canções de "Wunderhorn". Já para a terça, quando a sinfônica executa uma peça mais longa, a primeira sinfonia de Mahler, o barítono reservou uma seleção de sete "lieder" de "Wunderhorn".
"Mahler compôs essas canções quando o mundo estava muito militarizado. Dá para sentir as sombras negras que pairavam na atmosfera daqueles tempos", diz. "Musicalmente elas são muito bonitas, mesmo quando falam de coisas terríveis; essa ambivalência me atrai", diz.
Ele gravou as canções em 2002, para o selo Decca, sob a batuta de Riccardo Chailly, mas não esconde sua insatisfação com o resultado, já que o disco teve não apenas a participação de uma soprano -como é tradicional no caso de "Wunderhorn"-, mas também de uma mezzo-soprano e de um tenor. "Foi uma jogada de marketing de Chailly e da gravadora."
Para a gravadora Harmonia Mundi, Goerne está começando um ambicioso projeto -11 CDs com "lieder" de Schubert. Goerne teve o privilégio de estudar o "lied" com dos dois mais destacados cantores germânicos do século 20, o barítono Dietrich Fischer-Dieskau, 82, e a soprano Elisabeth Schwarzkopf (1915-2006).
Dieskau e Schwarzkopf fizeram uma elogiada gravação de "Wunderhorn". Para Goerne, as lições da soprano foram de maior valia do que as do barítono. "Schwarzkopf era menos intelectual e mais próxima como ser humano", compara.
"Enquanto Dieskau falava mais de interpretação, ela focava nos aspectos vocais e em como deveríamos estar próximos da idéia original do compositor. Ela parecia mais envolvida."


SINFÔNICA DE BAMBERG
Quando: hoje, às 11h
Onde: ala externa - Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, portão 3, pq. Ibirapuera, tel.: 3629-1000).
Quanto: entrada franca

Quando: seg. e ter., às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 3223-3966)
Quanto: R$ 85 a R$ 230



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