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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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ERUDITO

Acompanhada por piano, soprano britânica privilegia peças pouco difundidas em apresentação na Sala São Paulo

Dawson entoa "sons menos familiares"

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A soprano britânica Lynne Dawson, 47, apresenta-se hoje, na Sala São Paulo, na abertura da temporada beneficente da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral). Para esse concerto, estará acompanhada da pianista brasileira Vânia Pajares.
Dawson tem cerca de 60 LPs e CDs gravados. Sente-se à vontade no repertório barroco (Purcell, Blow, Scarlatti) e do final do século 18, sobretudo com Mozart.
Os paulistanos puderam ouvi-la em 2001, quando a Osesp apresentou, em forma de concerto, a ópera "The Rakes"s Progress", de Igor Stravinski.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista que Dawson concedeu à Folha.
 

Folha - Por que a sra. interpretará peças tão pouco conhecidas do público brasileiro, em lugar, por exemplo, dos "lieder" alemães, que também constam em seu repertório?
Lynne Dawson -
Decidi cantar peças pouco conhecidas justamente porque elas merecem ser mais conhecidas. É um repertório para mim familiar. Gosto de cantar em inglês, meu idioma materno, o que é mais frequentemente possível quando faço recitais.

Folha - A sra. integrou em 2000 o elenco que estreou em Berlim "What Next?", do nova-iorquino Elliot Carter. Acredita que o repertório contemporâneo tende a ser mais palatável para o grande público?
Dawson -
De um modo geral, creio que o público ainda não aceita com tanta facilidade o repertório contemporâneo, mesmo se generalizações sejam no caso perigosas. É preciso instaurar o hábito de audição de combinações de sons menos familiares.

Folha - A sra. interpretou e gravou muitas peças do barroco. Acredita que há ainda formas inéditas de cantar esse repertório, escrito há dois ou três séculos?
Dawson -
Os pesquisadores que se debruçaram sobre formas de interpretação dos repertórios barroco e clássico prestaram um imenso serviço. Creio que há sempre formas inéditas de interpretar, dependendo de quem o faz e do gosto dominante.

Folha - É possível que nunca se tenha interpretado tanto Benjamin Britten fora do Reino Unido como na atualidade. Haveria em torno do compositor uma espécie de revival?
Dawson -
Gostaria que ele ainda estivesse vivo para escrever novas óperas e novas peças para piano. Ele tinha uma noção refinada da teatralidade em suas óperas, sendo capaz de dirigir a ação cênica pelos sons que compôs. Sua música é comparável às mais bem escritas de outros períodos.


RECITAL LYNNE DAWSON. Com Vânia Pajares (piano). Quando: hoje, às 21h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, região central, tel. 3337-5414). Quanto: R$ 50.


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