|
Índice
ERUDITO
Acompanhada por piano, soprano britânica privilegia peças pouco difundidas em apresentação na Sala São Paulo
Dawson entoa "sons menos familiares"
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A soprano britânica Lynne
Dawson, 47, apresenta-se hoje, na
Sala São Paulo, na abertura da
temporada beneficente da Tucca
(Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral).
Para esse concerto, estará acompanhada da pianista brasileira
Vânia Pajares.
Dawson tem cerca de 60 LPs e
CDs gravados. Sente-se à vontade
no repertório barroco (Purcell,
Blow, Scarlatti) e do final do século 18, sobretudo com Mozart.
Os paulistanos puderam ouvi-la
em 2001, quando a Osesp apresentou, em forma de concerto, a
ópera "The Rakes"s Progress", de
Igor Stravinski.
A seguir, leia os principais trechos da entrevista que Dawson
concedeu à Folha.
Folha - Por que a sra. interpretará
peças tão pouco conhecidas do público brasileiro, em lugar, por
exemplo, dos "lieder" alemães,
que também constam em seu repertório?
Lynne Dawson - Decidi cantar
peças pouco conhecidas justamente porque elas merecem ser
mais conhecidas. É um repertório
para mim familiar. Gosto de cantar em inglês, meu idioma materno, o que é mais frequentemente
possível quando faço recitais.
Folha - A sra. integrou em 2000 o
elenco que estreou em Berlim
"What Next?", do nova-iorquino
Elliot Carter. Acredita que o repertório contemporâneo tende a ser
mais palatável para o grande público?
Dawson - De um modo geral,
creio que o público ainda não
aceita com tanta facilidade o repertório contemporâneo, mesmo
se generalizações sejam no caso
perigosas. É preciso instaurar o
hábito de audição de combinações de sons menos familiares.
Folha - A sra. interpretou e gravou muitas peças do barroco. Acredita que há ainda formas inéditas
de cantar esse repertório, escrito
há dois ou três séculos?
Dawson - Os pesquisadores que
se debruçaram sobre formas de
interpretação dos repertórios barroco e clássico prestaram um
imenso serviço. Creio que há
sempre formas inéditas de interpretar, dependendo de quem o
faz e do gosto dominante.
Folha - É possível que nunca se tenha interpretado tanto Benjamin
Britten fora do Reino Unido como
na atualidade. Haveria em torno do
compositor uma espécie de revival?
Dawson - Gostaria que ele ainda
estivesse vivo para escrever novas
óperas e novas peças para piano.
Ele tinha uma noção refinada da
teatralidade em suas óperas, sendo capaz de dirigir a ação cênica
pelos sons que compôs. Sua música é comparável às mais bem escritas de outros períodos.
RECITAL LYNNE DAWSON. Com Vânia
Pajares (piano). Quando: hoje, às 21h.
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes,
s/nš, região central, tel. 3337-5414).
Quanto: R$ 50.
Índice
|