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"A ARTE BRASILEIRA NA COLEÇÃO FADEL"
Exposição de oito núcleos espalha-se pelo fragmentado edifício do CCBB
Mostra diversa molda-se a prédio eclético
Lalo de Almeida - 19.nov.2002/Folha Imagem
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Um dos espaços expositivos do CCBB, que recebe a "A Arte Brasileira na Coleção Fadel" |
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
A coleção Fadel é modesta.
Embora o acervo trazido a
São Paulo acompanhe a produção
brasileira dos últimos 130 anos,
pauta-se por critérios de relevância consagrados, sem modificar as
expectativas tradicionais acerca
de nossa historiografia.
A mostra se adapta ao fragmentado CCBB propondo grupos de
natureza diversa. Os oito núcleos
distribuem-se por cinco pavimentos, intercalando discussões
estilísticas e painéis poéticos.
O "Moderno antes do Modernismo" aponta a vanguarda acadêmica carioca como precursora
da modernidade anteriormente à
Semana de 22. O moderno seria
definido, então, pela transferência
irrefletida de técnicas parisienses
para os trópicos, tal como o fez
Visconti ao pintar a nascente
"Avenida Central" (1908) através
de uma luz esbranquiçada, qual
inverno parisiense nevando sobre
um bulevar.
A curadoria revela-se evolucionista. A abstração da década de 50
é afirmada como início da independência artística nacional: "No
neoconcretismo, o artista brasileiro passa a compreender a história
da arte como um legado de problemas plásticos a serem desenvolvidos. Nosso projeto moderno
atinge seu momento de autonomia". Por outro lado, o reducionismo histórico é evitado pela zona de indefinição do terceiro andar. "O trânsito entre abstração e
figuração" evidencia a permanência de questões em constante
rearranjo em Antônio Bandeira e
Mira Schendel.
A coleção não oferece exemplos
do que seria o prosseguimento da
autonomia plástica brasileira na
contemporaneidade. O conjunto
mais recente é de 1970: uma série
de esboços de Hélio Oiticica para
cenário nunca realizado.
Os agrupamentos poéticos
abordam vários temas. Somos recebidos no saguão pelos bronzes
surrealistas de Maria Martins,
confrontados com o par de gigantescos painéis de florestas tropicais de Guignard. Rumo ao subsolo, a "Noite Brasileira" abriga-se na penumbra do antigo cofre
de banco, onde brilha o luar impressionista de Castagneto sobre
a "Praia de Santa Luzia" em 1886.
A variedade dos assuntos adequa-se ao ecletismo do edifício da
rua da Quitanda com Álvares
Penteado. O visitante poderá experimentar o acalorado confronto entre estilos de salão, enquanto
flana pelo centro antigo.
A Arte Brasileira na Coleção
Fadel
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r.
Álvares Penteado, 112; tel. 3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 12h às 20h.
Até 12/1
Quanto: entrada franca
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