São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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"A ARTE BRASILEIRA NA COLEÇÃO FADEL"

Exposição de oito núcleos espalha-se pelo fragmentado edifício do CCBB

Mostra diversa molda-se a prédio eclético

Lalo de Almeida - 19.nov.2002/Folha Imagem
Um dos espaços expositivos do CCBB, que recebe a "A Arte Brasileira na Coleção Fadel"


FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA

A coleção Fadel é modesta. Embora o acervo trazido a São Paulo acompanhe a produção brasileira dos últimos 130 anos, pauta-se por critérios de relevância consagrados, sem modificar as expectativas tradicionais acerca de nossa historiografia.
A mostra se adapta ao fragmentado CCBB propondo grupos de natureza diversa. Os oito núcleos distribuem-se por cinco pavimentos, intercalando discussões estilísticas e painéis poéticos.
O "Moderno antes do Modernismo" aponta a vanguarda acadêmica carioca como precursora da modernidade anteriormente à Semana de 22. O moderno seria definido, então, pela transferência irrefletida de técnicas parisienses para os trópicos, tal como o fez Visconti ao pintar a nascente "Avenida Central" (1908) através de uma luz esbranquiçada, qual inverno parisiense nevando sobre um bulevar.
A curadoria revela-se evolucionista. A abstração da década de 50 é afirmada como início da independência artística nacional: "No neoconcretismo, o artista brasileiro passa a compreender a história da arte como um legado de problemas plásticos a serem desenvolvidos. Nosso projeto moderno atinge seu momento de autonomia". Por outro lado, o reducionismo histórico é evitado pela zona de indefinição do terceiro andar. "O trânsito entre abstração e figuração" evidencia a permanência de questões em constante rearranjo em Antônio Bandeira e Mira Schendel.
A coleção não oferece exemplos do que seria o prosseguimento da autonomia plástica brasileira na contemporaneidade. O conjunto mais recente é de 1970: uma série de esboços de Hélio Oiticica para cenário nunca realizado.
Os agrupamentos poéticos abordam vários temas. Somos recebidos no saguão pelos bronzes surrealistas de Maria Martins, confrontados com o par de gigantescos painéis de florestas tropicais de Guignard. Rumo ao subsolo, a "Noite Brasileira" abriga-se na penumbra do antigo cofre de banco, onde brilha o luar impressionista de Castagneto sobre a "Praia de Santa Luzia" em 1886.
A variedade dos assuntos adequa-se ao ecletismo do edifício da rua da Quitanda com Álvares Penteado. O visitante poderá experimentar o acalorado confronto entre estilos de salão, enquanto flana pelo centro antigo.

A Arte Brasileira na Coleção Fadel



   
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112; tel. 3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 12h às 20h. Até 12/1
Quanto: entrada franca



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