Com o Grupo Semente, a cantora apresenta músicas do CD "Delicada", hoje e amanhã, no Sesc Pinheiros

Julia Moraes - 4.out.2007/Folha Imagem

A cantora volta à cidade, onde se apresentou em outubro

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

No cenário desértico de shows deste começo de ano em São Paulo, coube à carioca Teresa Cristina, 39, a missão de livrar os paulistanos de um final de semana modorrento.
A cantora e o Grupo Semente levam ao Sesc Pinheiros, hoje e amanhã, as músicas de seu mais recente CD, "Delicada" (EMI; R$ 25, em média), com as quais estiveram no teatro Fecap por duas semanas em outubro, antes de curtíssima temporada no sul da Itália.
O retorno precoce, diz Teresa, é bom presságio. "Também comecei o ano retrasado em São Paulo e foi um ano de agenda lotada. Não é superstição; começar o ano trabalhando dá a impressão de que virá muito trabalho pela frente", diz, por telefone, do Rio, com a placidez de quem ainda não pegou no batente. "Tô acabando de almoçar", conta, às 16h do segundo dia do ano.
Entre os compromissos para janeiro, por enquanto, estão apenas as tradicionais noites no Carioca da Gema e no Centro Cultural Carioca, mas Teresa Cristina tem viagens previstas para África e Reino Unido, e planos de engordar a agenda internacional. "Eles ainda ouvem mais bossa nova lá fora, mas é o que eu sempre falo: a bossa, na verdade, é um samba lento. Se não tivesse samba, não tinha bossa", determina.
Também pretende estender para o exterior as vendas de seu disco, que recentemente saiu no México. Por aqui, lançado em setembro com tiragem inicial de 10 mil cópias, o álbum está na segunda leva: foram 20 mil até agora, diz a EMI.
Neste fim de semana, acompanhada por Bernardo Dantas (violão), João Callado (cavaquinho), Pedrinho Miranda (pandeiro e voz) e Mestre Trambique (percussão), ela intercala composições próprias, como a faixa-título e "Cantar", com sambas de Candeia ("A Paz do Coração") e Paulinho da Viola ("A Gente Esquece"), mais "Gema" (Caetano Veloso), "Carrinho de Linha" (Walter Queiroz) e outras.

Timidez
A duração das palmas é um dos termômetros de Teresa para cravar que o público em São Paulo é mais atencioso que a média. "Não é que o paulistano seja melhor que o carioca ou vice-versa. É que o Rio naturalmente recebe atrações do Brasil inteiro, de outras nacionalidades, está acostumado com outras sonoridades...", argumenta, embora a capital paulista também seja uma das mecas de atrações culturais do país.
"Quanto mais tímido, mais você percebe as pessoas. Eu sou muito tímida, então sinto essa reação. Com o samba, principalmente, os paulistanos têm tido um cuidado diferenciado."