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Foto da mostra "Carnaval de Veneza"

free-lance para a Folha

Um Carnaval de origem secular e cujas fantasias cobrem grande parte do corpo dos foliões é o tema da exposição "Carnaval de Veneza", do fotógrafo Manuk, em cartaz até o final deste mês no shopping Eldorado.
Com cem imagens em cores, feitas em 1995 e acrescidas de outras mais recentes, a mostra resgata as origens do Carnaval veneziano, por sinal bastante diferente daquele festejado no Brasil.
É uma festa que faz o observador viajar pelo tempo rumo aos séculos 16 e 17.
Praticamente todo o evento acontece na praça São Marcos, cuja arquitetura vai desde a sobriedade do estilo grego até a graciosidade do bizantino e do toscano.
No local, os pontos de passagem são os tradicionais cafés, como o Florian, onde o fotógrafo Manuk fez uma série de imagens para evidenciar as vestes, que lembram as damas e os fidalgos do século 17.
Mas a principal atração dos desfiles são os foliões com vestimentas adornadas e usando as "bautas", máscaras brancas em forma de bico e muito populares no evento veneziano.
Elas também fazem parte do carnaval de Nova Orleans (EUA). Adquiridas nas lojas do Quarteirão Francês, são utilizadas nos desfiles de rua do Mardi Gras - terça-feira gorda em francês.
Os foliões europeus excêntricos que vão a Veneza nesta época chegam a pagar mais de US$ 5 mil por fantasias que lembrem as figuras clássicas da festa: Pierrô, Colombina e Arlequim.
Enquanto o Carnaval brasileiro é movido pelo samba e, na cidade norte-americana, pelo jazz e pelo blues, em Veneza são as cantigas medievais que são executadas durante os desfiles e as encenações na praça São Marcos.
Segundo Manuk, o mau tempo e o frio não conseguem dissipar o espírito da festança. Tampouco apagar o luxo das reuniões, que trazem um clima de nobreza.
"Sobretudo quando os foliões cruzam de gôndolas os canais Calle del Fabbri e Mercerie, permanecendo imóveis para serem fotografados", explica o fotógrafo.

Costumes
O Carnaval de Veneza teve início no ano de 1094, comemorado como uma festa pagã. Seus participantes sacrificavam animais para os banquetes, que duravam vários dias.
No século 17, alguns rituais considerados violentos foram abolidos ou substituídos. A batalha dos ovos, por exemplo, foi substituída pela batalha em que se usava uma mistura de água com rosas.
Por sua vez, essa mistura deu origem ao lança-perfume, substância líquida com cloreto de etila perfumado, mantida sob pressão e lançada em jacto, cujo uso foi proibido por ser tóxico.
Durante o período da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o Carnaval de Veneza foi suspenso, voltando no início dos anos 50 com novas atrações, como as representações dramáticas e os poemas recitados no meio da praça São Marcos.
(ANA MARIA GUARIGLIA)