São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Poema dançado mescla tradicional e moderno

Teatro nô é base de "Hagoromo, o Manto de Plumas"

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um poema dançado. Esta talvez seja a senha para penetrar na delicadeza de "Hagoromo, o Manto de Plumas", espetáculo que a bailarina e coreógrafa Emilie Sugai estréia hoje no Teatro Coletivo Fábrica, em parceria com o diretor Fábio Mazzoni.
A partir de uma lenda japonesa usada de forma recorrente no teatro nô, a dupla criou uma peça na qual o hibridismo da arte contemporânea fica latente. Há, sim, um pouco de teatro nô, mas também muito do butô, que é a dança japonesa moderna, além da própria dança contemporânea. Isso tudo num ambiente de pouquíssima luz e muitos silêncios.
É essa mistura sutil que faz de "Hagoromo, o Manto de Plumas" uma obra com toques mágicos. A história em si do pescador que tem um embate com um anjo por causa do manto de plumas pouco ou nada importa. Pelo menos para o diretor e intérprete.
"Não quis entregar a história. Os personagens são arquétipos, mas ninguém precisa conhecer a lenda para penetrar neste sonho. Vejo os personagens como uma espécie de espectros do subconsciente", explica Fábio Mazzoni.
Emilie Sugai -que está em cartaz também em "Foi Carmen", de Antunes Filho, no Sesc Consolação- desfila aqui toda a sua experiência como dançarina de butô. A intérprete, que trabalhou durante uma década com Takao Kusuno, o introdutor dessa dança no Brasil, dá vida aos personagens de forma surpreendente. Difícil acreditar que o pescador, dono de uma feição fechada, e o anjo, com toda a sua leveza, são interpretados pela mesma Sugai. Há ainda a participação do ator Rodrigo Ramos, como uma espécie de ajudante de cena.
Há cerca de três anos, Mazzoni conheceu Sugai através de um amigo em comum, o diretor Antunes Filho. Neste meio tempo, ele criou um espetáculo para a bailarina Jacqueline Gimenes, trabalhou com a Cia. 2 do Balé da Cidade e com Sandro Borelli. A parceria com Sugai se concretizou no ano passado, quando ganharam o prêmio de dança da Funarte Klauss Vianna para levantar "Hagoromo, o Manto de Plumas".


HAGOROMO, O MANTO DE PLUMAS
Quando:
estréia hoje; sáb., às 21h30, e dom., às 20h; até 27/7
Onde: Teatro Coletivo Fábrica (r. da Consolação, 1.623, tel. 3255-5922; classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 5 a R$ 10


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