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Poema dançado mescla tradicional e moderno
Teatro nô é base de "Hagoromo, o Manto de Plumas"
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um poema dançado. Esta talvez seja a senha para penetrar
na delicadeza de "Hagoromo, o
Manto de Plumas", espetáculo
que a bailarina e coreógrafa
Emilie Sugai estréia hoje no
Teatro Coletivo Fábrica, em
parceria com o diretor Fábio
Mazzoni.
A partir de uma lenda japonesa usada de forma recorrente
no teatro nô, a dupla criou uma
peça na qual o hibridismo da
arte contemporânea fica latente. Há, sim, um pouco de teatro
nô, mas também muito do butô, que é a dança japonesa moderna, além da própria dança
contemporânea. Isso tudo num
ambiente de pouquíssima luz e
muitos silêncios.
É essa mistura sutil que faz
de "Hagoromo, o Manto de Plumas" uma obra com toques mágicos. A história em si do pescador que tem um embate com um anjo por causa do manto de
plumas pouco ou nada importa.
Pelo menos para o diretor e intérprete.
"Não quis entregar a história.
Os personagens são arquétipos,
mas ninguém precisa conhecer
a lenda para penetrar neste sonho. Vejo os personagens como
uma espécie de espectros do
subconsciente", explica Fábio
Mazzoni.
Emilie Sugai -que está em
cartaz também em "Foi Carmen", de Antunes Filho, no
Sesc Consolação- desfila aqui
toda a sua experiência como
dançarina de butô. A intérprete, que trabalhou durante uma
década com Takao Kusuno, o
introdutor dessa dança no Brasil, dá vida aos personagens de
forma surpreendente.
Difícil acreditar que o pescador, dono de uma feição fechada, e o anjo, com toda a sua leveza, são interpretados pela
mesma Sugai. Há ainda a participação do ator Rodrigo Ramos,
como uma espécie de ajudante
de cena.
Há cerca de três anos, Mazzoni conheceu Sugai através de
um amigo em comum, o diretor
Antunes Filho. Neste meio
tempo, ele criou um espetáculo
para a bailarina Jacqueline Gimenes, trabalhou com a Cia. 2
do Balé da Cidade e com Sandro Borelli.
A parceria com Sugai se concretizou no ano passado, quando ganharam o prêmio de dança da Funarte Klauss Vianna para levantar "Hagoromo, o
Manto de Plumas".
HAGOROMO, O MANTO DE PLUMAS
Quando: estréia hoje; sáb., às 21h30, e
dom., às 20h; até 27/7
Onde: Teatro Coletivo Fábrica (r. da
Consolação, 1.623, tel. 3255-5922;
classificação: 14 anos)
Quanto: R$ 5 a R$ 10
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