São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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CINEMA

Aos 15 anos, Pela Vidda exibe em uma semana produções que abordam a síndrome, de "Filadélfia" a "O Presente"

ONG promove ciclo de filmes sobre Aids

Divulgação
O ator Javier Bardem no filme "Antes do Anoitecer", que será exibido no próximo dia 12, durante o ciclo "Cinema Mostra Aids"


THIAGO STIVALETTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Há mais de duas décadas, em 1983, os pesquisadores Robert Gallo e Luc Montagnier conseguiam pela primeira vez isolar o vírus responsável pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). Desde então, o cinema utilizou a doença para contar novas histórias. Esse é o mote do ciclo "Cinema Mostra Aids", que ocupa uma sala do Espaço Unibanco a partir de amanhã, durante uma semana.
A iniciativa comemora os 15 anos da ONG Pela Vidda, fundada para promover o ativismo político e a integração de pessoas portadoras de HIV. "Apesar da importância da doença, o cinema ainda tem muita dificuldade em fazer uma abordagem direta, à altura de sua gravidade", diz o jornalista Mário Scheffer, idealizador da mostra, que teve a primeira edição em 97.
De um universo de 50 filmes, Scheffer fez uma seleção de 20 ficções e três documentários. São 20 longas, dois curtas e um média-metragem. Scheffer pensou em incluir os recentes sucessos nacionais "Carandiru" e "Cazuza", mas na peneira preferiu optar por outros filmes que têm a Aids como tema principal, alguns pouco conhecidos do grande público.
As pessoas terão nova chance para ver "O Presente" (2002), polêmico documentário americano que fez sucesso na última edição do Mix Brasil. O filme revela a existência dos "bug chasers", parceiros que querem voluntariamente ser infectados pelo HIV.
No quesito curiosidade, o destaque é o canadense "Paciente Zero" (93), um musical que segue os passos da suposta primeira vítima do HIV, um comissário de bordo que encontra em seu caminho personagens como Barbra Streisand e Bertolt Brecht.
Uma raridade é "Noites Felinas" (92), drama autobiográfico dirigido por Cyril Collard, ator e diretor que morreu meses depois do fim da filmagem. O filme ganhou três César, o Oscar francês, entre os quais o de melhor filme.
Alguns longas, como os mais conhecidos e comerciais "Filadélfia" (93) e "Meu Querido Companheiro" (90), serão exibidos em vídeo. O curador não esconde suas preferências cinematográficas. "O público é quase unânime em eleger "Filadélfia", um filme que se preocupa em abordar a Aids de maneira totalmente didática. Mas prefiro obras como "As Horas" e "Antes do Amanhecer", nos quais a doença faz parte da vivência de um personagem mais complexo", diz Scheffer. Os dois últimos também serão exibidos.
Segundo Adriano Brandão, um dos organizadores, o maior desfalque foi a indisponibilidade de cópias de filmes da Warner, como "Por uma Noite Apenas", de Mike Figgis, e "A Última Festa", de Randal Kleiser. Metade dos ingressos serão distribuídos gratuitamente entre ONGs e serviços de saúde que trabalham com o HIV.


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