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CRÍTICA DOCUMENTÁRIO
Filme sobre Timão reúne testosterona e lágrimas
Produção repassa centenário do Corinthians e fanatismo do torcedor
XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
É sempre bonito ver marmanjo chorar no cinema.
E neste caso não se tratava
de macunaemos -essa mistura tropical da preguiça do
Macunaíma com os lacrimejantes roqueiros da nova safra. "Fita de macho, meu",
como reagiu um amigo, ainda de olhos marejados na
mesma sessão vespertina.
"Todo Poderoso: O Filme
- 100 Anos de Timão" reúne a
testosterona do faroeste, na
sua narrativa de conquistas,
e um punhado de lágrimas
do gênero "love story", na
devoção amorosa permanente, mesmo nos momentos
mais sofridos do par composto pelo torcedor, o homem, e
pelo clube, a mulher.
Um fã que vem de longe
para ver os jogos no Pacaembu revela esse teorema: largaria a mulher sempre, nunca o alvinegro. Para um corintiano, a promessa cristã
do amor eterno, na saúde e
na doença, na riqueza e na
pobreza, não vale para a cria
da sua costela. Ele é casado
com a entidade.
Conduzido por Celso Unzelte, roteirista e personagem com ares de anti-herói
romântico, o filme de Ricardo Aidar e André Garolli cobre década a década a história e a emoção de pertencer a
essa República à parte de São
Paulo e do Brasil, como Casagrande define e o presidente
Lula, outro depoente ilustre,
sanciona.
De 1910 até o fenômeno
Ronaldo, há uma liga do Corinthians com a história do
país. Aí não poderia faltar a
democracia puxada pelo
mais grego dos ídolos, o doutor Sócrates, nos anos 1980.
Afinal de contas, muitos
brasileiros aprenderam o
sentido político do termo
mais pela experiência alvinegra do que nas aulas de educação moral e cívica.
TODO PODEROSO: O FILME -
100 ANOS DE TIMÃO
DIREÇÃO Ricardo Aidar e
André Garolli
PRODUÇÃO Brasil, 2010
ONDE em cartaz no Cine Bombril
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO bom
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