São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2006

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Hawtin toca "filosofia minimal"

Canadense é dos principais nomes do tecno de orientação minimalista que vem dominando pistas

O DJ se apresenta hoje à noite no clube D-Edge; em entrevista, ele fala sobre as influências de sua música e a importância da tecnologia

Ronaldo Franco/Divulgação
O DJ e produtor canadense Richie Hawtin, considerado um dos principais divulgadores do tecno minimalista, durante apresentação em São Paulo, em 2004

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Principal sopro de novas idéias da eletrônica nos últimos anos, o tecno minimal parece estar em todos os lugares, sendo tocado por todos os DJs do mundo. Boa chance de conferir essa música acontece hoje no D-Edge, com apresentação do canadense Richie Hawtin.
Hawtin é um dos maiores divulgadores do minimal, ao lado de gente como Ricardo Villalobos, Luciano, Michael Mayer, Mathew Jonson e Steve Bug.
Diferentemente do tecno "tradicional", o minimal utiliza o mínimo possível de elementos, com batidas normalmente lineares, sem alternância de momentos altos e baixos. Linhas melódicas sutis contribuem para aproximá-lo da house progressiva e até do trance.
"O que muita gente chama de minimal é algo que está entre o tecno, a house e o trance. É um pouco de tudo, talvez por isso agrade tanta gente", afirma Richie Hawtin à Folha. "Às vezes ele traz um pouco mais de groove, às vezes tem batidas um pouco mais fortes."
Apesar de criado no Canadá, a principal influência na música de Hawtin foram os artistas de Detroit da segunda metade dos anos 80, de gente como Derrick May, Kevin Saunderson, Carl Craig e Jeff Mills. E o tecno minimal guarda várias similaridades sonoras com o que era produzido na cidade norte-americana.
"A idéia do minimalismo vem de longe. Como comparação, o trance, por exemplo, é um movimento de base sonora, já o minimal é um movimento artístico. Por isso, espero que, mesmo que perca um pouco da popularidade, continue a inovar, a querer ir mais longe."
Sobre a relação do minimalismo na música eletrônica e na arte, ele diz: "Minimal é uma filosofia de produção. Vejo relação com alguns artistas plásticos, como [o escultor anglo-indiano] Anish Kapoor, que com suas obras extrai muita informação utilizando poucos elementos."
Essa filosofia caiu nas graças de muita gente. DJs de house, de trance e de tecno pesado passaram, desde 2004, a tocar produções minimalistas.
"O tecno mais rápido, baseado em loops, parece ter esgotado suas possibilidades. Tornou-se limitante. Baixando os BPMs (batidas por minuto), você adiciona melodia, groove entre os espaços", afirma o alemão Chris Liebing, DJ de tecno que tocou em São Paulo no último fim de semana.
"O que não gosto é que o minimal pode tornar-se muito "inteligente", chato, tedioso." E, para finalizar, compara: "Mas, se tivesse de escolher entre hard tecno [baseado em batidas rápidas e pesadas] e minimal, ficaria com o minimal."

Tecnologia
Richie Hawtin é dos DJs que mais fazem uso das inovações tecnológicas na música. Hoje utiliza, em suas apresentações, laptops e mixers customizados. "A tecnologia sempre foi importante no meu trabalho.
Muitas vezes é o equipamento que te dá inspiração, que te ajuda a tirar algo da cabeça."
"O tecno é música baseada nas inovações tecnológicas, na busca de todas as possibilidades. Tento me aproveitar ao máximo, com mixers, softwares, tudo o que tenho à disposição. Quero chegar ao momento em que me libertarei totalmente de vinis e CDs. Quero usar apenas máquinas e computadores. Isso dá mais espontaneidade ao set, é algo especial para quem ouve."
Os DJs brasileiros Eduardo Cristoph, Renato Ratier e Techjun completam a noite.

RICHIE HAWTIN
Quando:
hoje, a partir das 23h
Onde: D-Edge (al. Olga, 170, Barra Funda; tel. 3666-9022)
Quanto: de R$ 60 a R$ 80


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