São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Mateus Sartori canta fases de Caymmi

Músico paulista interpreta temas do artista baiano em show hoje no Sesc Santana, acompanhado por dois violonistas

Repertório, presente em CD lançado no fim de 2007, inclui clássicas como "Samba da Minha Terra" e menos conhecidas como "Acaçá"

Alex Almeida/Folha Imagem
O cantor Mateus Sartori na casa do amigo e violonista Jardel Caetano, na Vila Mariana, em São Paulo


RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Samba da Minha Terra" era o "Atirei o Pau no Gato" da minha infância", diz o cantor Mateus Sartori, 29, sobre seu primeiro contato com a obra de Dorival Caymmi. "Achava que era uma canção sem dono."
Por sorte, aos poucos o paulista (re)descobriu o mestre baiano. No fim do ano passado, parte do cancioneiro com que conviveu desde a tenra idade resultou no CD "Dois de Fevereiro" (Lua, R$ 22). Agora, chega ao Sesc Santana, num show, como o disco, só de voz e violão.
Foi navegando por águas perigosamente conhecidas -já cantadas por mais de uma geração da família Caymmi e por Gal Costa e Rosa Passos, para ficar em poucos exemplos- que o rapaz formado em arquitetura e com shows pequenos no currículo chamou a atenção de sua fonte baiana e colecionou elogios da crítica.
O meio-de-campo com a família quem fez foi Danilo Caymmi, que cuida dos direitos autorais do pai. A sugestão de enviar as gravações para o criador ouvir antes de o álbum ficar pronto também partiu dele. Mas, quando recebeu uma cartinha singela, digitada, com o nome Dorival Caymmi no remetente, Sartori pensou que era brincadeira.
"Ele dizia que gostou muito do material e desejava sucesso. Danilo me disse: "Papai está com 93 anos, não escreve mais, alguém lá deve tê-lo ajudado, mas considere-se elogiado"."
Com o aval do compositor de "Samba da Minha Terra", montou um CD com 14 faixas de várias fases, do samba-de-roda baiano às canções praieiras e folclóricas, passando pelo samba-canção do período carioca -caso de "Valerá a Pena", fruto da parceria com Carlos Guinle.
A safra menos notória inclui "Beijos pela Noite" (Dorival/ Jorge Amado/ Carlos Lacerda), "Acaçá" e "Sargaço Mar". "Metade do repertório eu já cantava na noite. As mais desconhecidas vieram depois, na pesquisa com o Rodolfo Stroeter [produtor do disco]. Danilo disse que há coisas ali que só a família gravou antes."
Ao entrar em contato com Stroeter, Sartori tinha algumas idéias para CDs que gostaria de gravar, incluindo um inteiro de Caymmi e outro só de voz e violão. O produtor não precisou de mais que lógica para concluir que a soma dos dois projetos caberia num álbum só.
Para acompanhá-lo, Sartori reuniu craques das cordas como Guinga, Chico Saraiva, Edmilson Capelupi e Jardel Caetano (os dois últimos tocam com ele hoje). Os violonistas ajudaram a dar a personalidade de um trabalho calcado numa obra já bastante explorada.
"Seria mais difícil gravar Chico Buarque, que é um tema meio esgotado", diz. O que não tira o compositor carioca de seus próximos planos. "Se falar o que é, podem roubar minha idéia. Mas tem o Chico, entre outros, e posso garantir que é algo que nunca foi feito", diz.


MATEUS SARTORI
Quando:
hoje, às 19h
Onde: Sesc Santana - teatro (av. Luiz Dumont Villares, 579, tel. 6971-8700)
Quanto: R$ 2,50 a R$ 10


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