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ARTES PLÁSTICAS
"O Marinheiro Só", retrospectiva do pintor brasileiro, apresenta cem telas no museu da FAAP
Pancetti traz as cores e luzes do Brasil a São Paulo
Divulgação
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"Itapoan", tela de Pancetti, que está na mostra "O Marinheiro Só", na FAAP |
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos pintores que melhor
retrataram as cores e a luz da paisagem brasileira ganha a partir de
hoje uma retrospectiva em São
Paulo. "O Marinheiro Só" desembarca no Museu de Arte Brasileira
da Faap com cem telas do pintor
brasileiro Pancetti, após ter sido
vista em Salvador.
"Pancetti é um pintor pouco
visto, em parte por ser marinheiro
e também por ter ficado à margem dos movimentos artísticos
nacionais", conta Denise Mattar,
curadora da exposição. De fato, a
última retrospectiva do artista
ocorreu em 62, no MAM carioca.
A mostra que chega à cidade é
dividida em quatro módulos.
"Pancetti é mais conhecido por
suas marinhas, mas achei importante também ressaltar outros aspectos de suas obras, como os retratos e as paisagens ", diz Denise.
Assim, no módulo "Navegar É
Preciso" estão telas feitas em cidades como Campos do Jordão e
São João del Rey. "É importante
ressaltar como Pancetti conseguiu captar as cores de cada um
dos muitos locais por onde passou", explica Denise.
Em "Um Certo Olhar" estão as
naturezas-mortas, que revelam
uma perspectiva fotográfica na
construção das imagens, próxima
à produção contemporânea.
Já em "Retratos de uma Vida"
encontram-se os retratos e auto-retratos feitos pelo artista. "É interessante como nessa série ele se
apresenta com vários alter egos,
seja como pintor, marinheiro ou
outras atividades", conta Denise.
Finalmente, em "O Mar Quando Quebra na Praia" estão as famosas marinas. De maneira didática, a seleção das obras apresenta
claramente o desenvolvimento da
carreira do artista até a obra "Itapoan" (1957), uma tela praticamente abstrata.
Pancetti nasceu em Campinas,
em 1902. Mudou-se para São Paulo em 1910. Filho de italianos, o artista foi enviado pelos pais à Itália
em 1913, onde, cinco anos depois,
ingressou na Marinha Mercante.
Aos 19 retornou ao Brasil para,
em 1922, ser admitido na Marinha.
Com uma infância pobre e difícil, Pancetti tinha uma saúde frágil, com tendência à tuberculose.
Sua carreira de marinheiro era
um grande orgulho -seu auto-retrato como marinheiro está logo na entrada da exposição.
Ele unia seu amor pela profissão
à carreira de pintor, utilizando velas de navio como telas -pelo o
que chegou a ser até punido.
Autodidata, o artista chegou a
participar do Núcleo Bernardelli
(o correspondente carioca ao grupo paulista Santa Helena), em 33,
no Rio, onde encontrou o pintor
polonês Lechwski, que teve bastante influência em suas obras.
Pancetti morreu em 58, após ter
participado de duas bienais de
São Paulo e ainda da Bienal de Veneza, em 50.
Com ambientação realizada por
Guilherme Isnard, as paredes da
mostra possuem cores utilizadas
pelo próprio artista. A mostra
ocorre ainda ao som de canções
de Dorival Caymmi, sobrepostas
ao som do mar de Salvador. Amigos, Pancetti e Caymmi costumavam embriagar-se juntos.
Poética e singela, a exposição fica pouco tempo em cartaz, apenas até o dia 28. Depois, será vista
em Roma, na sede da embaixada
brasileira.
(FABIO CYPRIANO)
Exposição: Pancetti - O Marinheiro Só
Onde: Museu de Arte Brasileira da FAAP
(r. Alagoas, 903, tel. 3662-1662, r. 1123)
Quando: abertura hoje, às 20h; ter. a
sex., das 10h às 21h; sáb. e dom., das 13h
às 18h. Até 28/2
Quanto: entrada gratuita
Patrocínio: Petrobras
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