São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Grupo monta no centro um "drive thru" teatral

Espetáculos individuais acontecem em cabine de acrílico na praça Roosevelt

Grupo Teatro Enlatado faz seis monólogos curtos de tom cômico nas noites de sexta e sábado; só há um espectador por sessão


Lenise Pinheiro/Folha Imagem
Atores do grupo Teatro Enlatado, que apresenta "Drive Thru" até o final deste mês; ingresso custa apenas R$1,99 por sessão

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O cliente recebe um cardápio com seis opções, aponta o número de seu pedido, paga R$ 1,99 e assiste ao produto escolhido. Assiste, não degusta. O conceito de "fast food" serve aqui a propósitos não gastronômicos, mas teatrais. Nas noites de sexta e de sábado, o grupo Teatro Enlatado estaciona uma cabine de acrílico, ferro e lona em frente ao Miniteatro, na praça Roosevelt (centro), para apresentar seis monólogos com duração entre três e cinco minutos: é o espetáculo-performance "Drive Thru".
O "atendimento" é personalizado: só há um espectador por sessão. No espaço de 2 m de comprimento por 1 m de largura e 2 m de altura, que lembra uma cabine de fotos automáticas, o ator faz seu solilóquio sentado numa cadeira, de frente para o pagante solitário, também sentado. Entre ator e público, fica uma tela de plástico transparente com um buraco circular no meio, que permite o olho no olho ao mesmo tempo em que cria uma sensação de voyeurismo -como se o espectador estivesse diante de uma vitrine ou dentro de uma cabine de striptease.
Pelas micropeças, em sua maioria escritas pelos integrantes do grupo, desfilam personagens como a socialite dos Jardins que lista as medidas de segurança adotadas por sua família, uma ansiosa mulher a descrever o homem ideal e um garoto que pensa em presentes para a mãe. O tom é predominantemente cômico.
Antes de o espetáculo começar, o "funcionário do mês" que anotou o pedido do cliente dá os avisos de segurança. Não há saídas de emergência. Em compensação, é permitido filmar e fotografar. O que já aconteceu, dizem os atores, todos gaúchos. "Uma vez, fui fazer [o cômico] "Urgência" [sobre o homem ideal] e uma senhora começou a chorar copiosamente. Tentei contornar e continuei: "Alto, inteligente..." E ela falou: "Meu marido, que morreu há dois meses, era assim", conta Daniela Gué, 24.
"Já falei parte do meu monólogo num celular, para quem ligou para o espectador que estava me vendo", lembra Márcio Bueno, 24. "Aqui, nada é proibido. Quer dizer, só não pode tocar nas atrizes", brinca Fernanda Mandagorá, 25. Maíra De Grandi, 27, diz que o Teatro Enlatado busca brincar com ideias preconcebidas e pôr em xeque as noções de produto e consumidor. Antes, os atores fizeram várias performances inusitadas nas ruas, registradas em vídeo (que estão no blog www.prontoparaconsumo.blogspot.com).
O Teatro Enlatado já recebeu convites para levar "Drive Thru" a eventos corporativos e lançamentos de livros. "É bem diferente, novo. Parece uma confissão", descreve a jornalista Juliana Caleffi, 23, depois de assistir ao monólogo 4, numa sessão na última quarta. "É uma experiência interessante, mas fiquei um pouco acanhado com o olho no olho, a menina bonita...", conclui o autônomo Fernando Fronza, 30, que viu o 5.


DRIVE THRU

Quando: sex. e sáb., das 21h à meia-noite; até o fim de junho
Onde: praça Roosevelt, em frente ao nº 108
Quanto: R$ 1,99 (R$ 10 o combo com os seis monólogos)
Classificação: livre (monólogos 1 e 6) e não indicado a menores de 14 anos (monólogos 2 a 5)




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