São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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TEATRO

Espetáculo musical solo reestréia hoje, no Teatro Folha, inspirado na relação entre Nelson Rodrigues e a avó da atriz

Beth Goulart devolve sua "Dorotéia" a SP

Nana Moraes/Divulgação
A atriz Beth Goulart em cena de "Dorotéia Minha", monólogo musical que volta ao cartaz hoje em São Paulo, no Teatro Folha


MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

As recordações de família de Beth Goulart, 42, voltam hoje a São Paulo. Pouco menos de um ano após ter estreado o monólogo musical "Dorotéia Minha" no Teatro do Centro da Terra, a atriz dá à cidade nova chance de ver a peça.
O solo é livremente inspirado nas cartas que o dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-80) escreveu para a avó de Beth, a cantora lírica e também atriz Eleonor Bruno, a quem o escritor dedicou a peça "Dorotéia", que estreou em 1949 com Eleonor no papel-título.
Primeira incursão de Beth Goulart como dramaturga, "Dorotéia Minha" é essa personagem buscando sua própria gênese na paixão que a vivificou, sem no entanto mencionar os nomes de Nelson e Eleonor. Mas a influência do dramaturgo recifense é buscada na essência do texto.
"Falo das coisas que ele coloca nos textos dele e, em especial, nas cartas de amor. A gente conhece muito o Nelson das frases fortes, de efeito, e isso o distancia do lírico. Ele tem uma passionalidade e um lirismo muito bonitos, e é uma chance de revelar esse lado."
Além de São Paulo, "Dorotéia Minha" já passou por Rio, João Pessoa, Salvador e até Chile. Neste ano, estão previstas apresentações nos Emirados Árabes Unidos -onde a peça ganhará uma versão em inglês- e na Espanha, onde será vertida também para o espanhol.

Mestra-de-cerimônias
A estrada, segundo Beth, fez bem à peça. "Quando você viaja com o espetáculo, ele ganha em maleabilidade, e eu tenho sempre que adaptar a performance ao espaço", afirma a atriz. "No Teatro do Centro da Terra, que tem um lounge lindo, onde as pessoas esperavam o início da peça, eu começava ali mesmo e trazia as pessoas para o interior do teatro." No Teatro Folha, a atriz começará a apresentação na platéia.
A proximidade com o público é necessária, já que sua Dorotéia, uma cantora de cabaré, é uma espécie de mestra-de-cerimônias. "Faço perguntas às pessoas, deixo elas responderem, permito que elas expressem o que estão sentindo", diz Beth, que define "Dorotéia Minha" como "um espetáculo dedicado ao amor e à palavra".
Para costurar os três personagens (ele, ela e Dorotéia) e suas emoções, a atriz põe sua voz a serviço de clássicos como "Besame Mucho", "Inútil Paisagem", "Cry me a River" e "The Man I Love", entre outros.

DOROTÉIA MINHA. Texto e interpretação: Beth Goulart. Direção: Beth Goulart e Victor García Peralta. Onde: Teatro Folha (shopping Pátio Higienópolis, av. Higienópolis, 618, piso 2, Higienópolis, região central, tel. 3823-2323). Quando: qua. e qui., às 21h. Até 4/3. Quanto: R$ 14.


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