São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2011

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"Bielski" encena saga de judeus em fuga

Cia. Levante refaz cotidiano de acampamento construído por três irmãos na Bielorrúsia durante a Segunda Guerra

Texto criado pelo diretor Antônio Rogério Toscano se apoia em pesquisas de Peter Duffy e Nechama Tec

Paula Giolito/Folhapress
A atriz Cleide Mariano em cena da peça"Bielski", que estreia hoje no Sesc Consolação

LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

Tinha de tudo na cidadela construída pelos irmãos Túvia, Asael e Zus, no meio das florestas da Bielorrússia, para abrigar judeus em fuga do regime nazista: praça, rua principal, oficinas para costureiras, carpinteiros e sapateiros, um curtume adaptado para sinagoga e até teatro.
A fama do lugar correu os guetos e campos de trabalho forçado criados pelo Terceiro Reich na Europa do Leste.
Não levou muito tempo para que a unidade Bielski (sobrenome dos irmãos) virasse morada de 1.200 pessoas -no início, em 1942, eram 20, em sua maioria parentes do trio de fundadores.
Em cartaz a partir de hoje, a peça "Bielski" recupera essa história, apoiando-se no rigor factual de livros do jornalista americano Peter Duffy e da historiadora e sobrevivente do Holocausto Nechama Tec. Mas não só.
Sob a direção de Antônio Rogério Toscano, os atores da Cia. Levante sondam também uma dimensão sensorial da memória, divorciada do didatismo impessoal.

IMAGINÁRIO JUDAICO
Para levar à cena as noites de frio na floresta, atravessadas à base de "samogonka" (espécie de vodca de fabricação caseira) e em volta de fogueiras, o grupo evoca melodias e danças que aludem ao imaginário judaico, sem reproduzir fielmente partituras ou coreografias específicas.
O mesmo expediente é usado para ilustrar as tensões decorrentes do aumento populacional, o fantasma da falta de alimento e o calafrio trazido pela aproximação das tropas hitleristas.
"Na comunidade judaica, esta é uma saga pouco lembrada -menos do que a de Oskar Schindler, por exemplo- porque Túvia é um personagem de contradições.
Não se trata de um herói de fácil digestão: ele era rude, guerrilheiro e matou um companheiro que o questionou", afirma Toscano, que também deu forma à dramaturgia a partir das improvisações e proposições do elenco.
Em 2008, a biografia dos Bielski inspirou o filme "Um Ato de Liberdade", com o 007 Daniel Craig no papel de Túvia e direção de Edward Zwick (de "Diamante de Sangue" e do recém-lançado "O Amor e Outras Drogas").



BIELSKI
QUANDO estreia hoje; seg. e ter., às 21h; até 1º/3
ONDE Sesc Consolação Espaço Beta (r. Dr. Vila Nova, 245, 3º andar, São Paulo, tel. 3234-3043)
QUANTO R$ 10
CLASSIFICAÇÃO 14 anos



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