São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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SHOW

Pela quarta vez no país, jazzista americano ri da fama de bonitão e diz que brasileiros apreciam standards do gênero

Pizzarelli volta "atendendo a pedidos"

Divulgação
O guitarrista John Pizzarelli, que se apresenta de hoje a quinta


EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Nem o próprio John Pizzarelli consegue achar uma explicação cabal para a sua duradoura sintonia com as platéias brasileiras. Em sua quarta visita ao país, o guitarrista e cantor se apresenta no Bourbon Street, de hoje a quinta, em shows que fazem parte da série Diners Club Jazz Nights.
De acordo com os organizadores do evento, a presença de Pizzarelli, 42, foi um pedido dos frequentadores da série.
"Acho que isso se deve ao fato de vocês gostarem do estilo de música que toco. Do mesmo jeito que nós amamos bossa nova, os brasileiros aprovam a música de Nat King Cole e standards do jazz como "They Can't Take that Away from Me" e "My Funny Valentine'", disse, por telefone, à Folha.
A primeira visita de Pizzarelli ao país foi em 96, no Free Jazz. De lá para cá, o público de seus shows tem ficado mais feminino.
"Elas vão porque sou bonito [risos]. Na verdade, existe uma coisa especial aí. O sentido de felicidade dos brasileiros e a relação emocional de vocês com a música não têm concorrentes em outras partes do mundo", afirma o músico, que é casado e pai de dois filhos.
Pizzarelli é muito mais lembrado como um cantor preciso e de timbre anasalado do que como o grande guitarrista de jazz que é.
"Cantar é quase uma extensão natural da minha fala. Quanto mais velho fico, mais sei do que minha voz é capaz. Por isso é que tenho de estudar muito mais guitarra, pois os músicos que admiro tocam melhor que eu."
O guitarrista nunca frequentou escola de música. Nem precisava. É filho do requisitado guitarrista de jazz Bucky Pizzarelli, 76. Isso fez de John afortunado adolescente que cresceu com guitarras espalhadas pela casa. O problema é que o pai é jazzista, e o estilo que encantava o garoto era o rock.
"Entre as guitarras que o meu pai tinha, havia uma Fender Jazz Master, que, apesar do nome, tem o corpo sólido, próprio para o rock'n'roll. Foi nela que aprendi a tocar "Smoke on the Water"."
Aparentemente, Bucky não teve tanto trabalho assim para fazer o garoto trocar a impulsividade da distorção pelas sutilezas da harmonia. Já nos anos 80, pai e filho se apresentavam juntos.
Com os shows do Bourbon, Pizzarelli filho dá sequência à turnê de divulgação do CD "The Rare Delight of You", em que divide o estúdio com o quinteto do pianista britânico George Shearing.
O novo trabalho não será o manancial maior do repertório. "Vou tocar as coisas que vocês gostam. Os standards, uma ou outra dos Beatles, bossa nova e, é claro, "Dindi"."
Pizzarelli reparte o palco com Martin Pizzarelli, o irmão contrabaixista, e o pianista Ray Kennedy.


JOHN PIZZARELLI TRIO - show do guitarrista da série Diners Club Jazz Nights. Onde: Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 5561-1643). Quando: de hoje a quinta, às 22h. Quanto: de R$ 65 a R$ 120.



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