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Samba de SP motiva livro e show
Osvaldinho da Cuíca, que deu depoimentos a pesquisador, diz que atual onda sambista nasceu na cidade
"Batuqueiros da Pauliceia", feito em parceria com André Domingues, tem noites
de lançamento a partir
de hoje, no Sesc Pompeia
MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Não são shows de lançamento comuns. As quatro apresentações que Osvaldinho da Cuíca, 69, faz a partir de hoje no
Sesc Pompeia poderiam ser
mais bem definidas como versões práticas dos capítulos de
"Batuqueiros da Pauliceia", livro que chega às lojas.
Passista, compositor, instrumentista, intérprete e estudioso do samba, Osvaldinho deu
longos depoimentos ao pesquisador André Domingues, 32,
enquanto convalescia de um
câncer na garganta. Ao mesmo
tempo em que relatava as histórias que compuseram sua
própria carreira, o músico
construía uma biografia profunda do samba paulistano. Armou teorias sobre as relações
de atração e repulsa que a cidade tem com o gênero.
"São Paulo é cosmopolita.
Tem coreano, árabe, italiano,
nordestino, mineiro, carioca,
gente de todo o mundo", diz
Osvaldinho à Folha. "Por isso
essa cidade não tem tanto
amor próprio quanto Salvador,
Porto Alegre ou Rio -capitais
em que os moradores nasceram lá e mantêm as raízes. Foi
essa autoestima que faltou para consolidar nosso samba."
Segundo o músico, foi por esse motivo que o modelo carioca
de samba prevaleceu nacionalmente: "Até nos mais longínquos batuques, o rádio e a TV
padronizaram tudo, e chegamos a um samba único, em que
só o sotaque é diferente".
O livro, no entanto, termina
esperançoso. Domingues confirma o bom momento: "Essa
onda sambista que o Brasil vive
nasceu em São Paulo", afirma
o autor.
"A Lapa do Rio é maravilhosa, mas foram os paulistanos
que saltaram na vanguarda da
retomada das tradições. O
Quinteto em Branco e Preto,
formado aqui na zona sul, é anterior a Teresa Cristina e ao
pessoal que revitalizou a Lapa."
E é exatamente o Quinteto
em Branco e Preto que, junto
do cantor Celso Viáfora, sobe
hoje ao palco do Sesc para
acompanhar Osvaldinho.
Amanhã, é a vez de Bebeto,
nome importante do samba
rock, e dos Amigos da Vai-Vai,
grupo formado por Thobias da
Vai-Vai, Paquera e Chapinha.
No sábado, o anfitrião divide
a cena com Germano Mathias,
outra lenda do samba paulistano, e o grupo folclórico Samba
de Roda de Pirapora. O veterano Seu Carlão do Peruche e o
Clube do Balanço encerram a
programação, no domingo.
"Nossos convidados são personagens citados no livro", diz
Osvaldinho, que vai tocar e
cantar em todas as sessões. Os
problemas com a garganta?
"Agora eu estou excelente."
BATUQUEIROS DA PAULICEIA
Autores: Osvaldinho da Cuíca e André
Domingues
Editora: Barcarolla
Quanto: R$ 34 (216 págs.)
Show de lançamento: de hoje a 10/5;
qui., sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h30,
na choperia do Sesc Pompeia (r. Clélia,
93, tel. 3871-7700); de R$ 4 a R$ 16;
Classificação: 18 anos
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