São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

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ARTES PLÁSTICAS

Mostra inclui obras de precursores e sucessores do artista holandês na gravura, entre eles Pablo Picasso

CCBB apresenta Rembrandt explosivo

Divulgação
"O Medidor de Ouro' (1639), de Rembrandt, exibido pelo CCBB


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Estilhaços de uma bomba lançada há quase 400 anos atingem, a partir de hoje, as paredes avermelhadas do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) na mostra "Rembrandt e a arte da gravura", já vista em Brasília por mais de 40 mil visitantes.
O termo bélico é utilizado pelos próprios curadores da exposição, os holandeses Pieter Tjabbes, que vive no Brasil, e Ed de Heer, diretor da Casa Rembrandt, de Amsterdã: "As gravuras de Rembrandt foram como uma bomba. Ao longo de sua vida e nos séculos que se seguiram, sua fama como artista repousou quase inteiramente em suas gravuras", afirmam no catálogo da mostra.
Apesar de outros mestres na história da arte, como o alemão Albert Dürer (1471-1528), terem também utilizado a gravura como forma de expressão artística, foi Rembrandt, segundo Tjabbes, quem "explorou ao máximo essa técnica, deixando de utilizá-la apenas para a reprodução de obras, mas buscando apresentar estados de humor e sentimentos; foi ele ainda quem introduziu a técnica da água-forte, sendo copiado até hoje".
A mostra no CCBB apresenta 83 gravuras de Rembrandt (1606-69), um significativo conjunto, já que o artista produziu 290 obras nessa técnica. "Com a exceção de duas obras, conseguimos as mais representativas de todos os temas abordados por ele", afirma Tjabbes. O motivo da generosidade da Casa Rembrandt, onde o artista viveu por quase 20 anos, é uma reforma em curso, que permitiu a cessão dos trabalhos. De acordo com Tjabbes, com "as taxas pagas pelo Brasil ao museu, cerca de R$ 420 mil, as reformas poderão ser finalizadas".
No ambiente escurecido para receber a mostra, no segundo andar do CCBB, o percurso tem início com cinco auto-retratos de Rembrandt, que chegou a produzir cerca de 80, considerando-se também as pinturas. O principal lote da mostra, com 27 obras, aborda temas bíblicos. Há também oito paisagens, 13 cenas alegóricas, quatro nus e 23 retratos, como o reproduzido ao lado (veja mais imagens da mostra em Ilustrada Online).
Já no terceiro andar do centro cultural, estão 40 gravuras de artistas precursores e sucessores de Rembrandt. Com a exceção de um ótimo Picasso, elas comprovam a supremacia do artista holandês.
Influenciadas "pelo chiaroschuro de Caravaggio e pelo drama e escala do barroco", segundo os curadores, as gravuras de Rembrandt apresentam um contraste, que torna o branco do papel uma fonte luminosa, dificilmente superado em seus sucessores.
Finalmente, no subsolo da instituição foi montado um ateliê que irá permitir que os próprios visitantes da mostra também possam produzir gravuras.


REMBRANDT E A ARTE DA GRAVURA.
Mostra com 83 gravuras do artista holandês, que apresenta também obras de precursores e sucessores, entre eles Picasso. Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, São Paulo, tel. 3113-3651). Quando: abertura hoje, às 11h (para convidados); de ter. a dom., das 12h às 19h30; até 3/11. Quanto: entrada franca.




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