São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Festival traz "ONU da mágica" a São Paulo

Evento tem ilusionistas de Estados Unidos, Venezuela, França, Espanha e Itália

Números dos artistas dialogam com a mímica, o teatro e a comédia stand-up; há até um aspirante a "mister Bean da mágica"

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles levitam, fazem objetos aparecer e sumir a seu bel prazer e sacam beldades ilesas de caixas perfuradas por facas. Mas uma coisa, não há truque que oculte: o sotaque. É ele que entrega as procedências diversas dos seis ilusionistas do International Magic Festival 2, que voltam ao shopping Frei Caneca a partir desta quarta, depois de dois espetáculos na semana passada.
A "ONU da prestidigitação" tem o francês Jérome Murat, o venezuelano Sonny Fontana, o italiano Erix Logan, o espanhol Juan Mayoral e os americanos Ed Alonzo e Mike Michaels. Radicado em Las Vegas há 14 anos, Fontana -que, salvo ilusão de ótica da reportagem, já engatou um namorico com uma guapa assistente brasileira- se gaba dos títulos ganhos nos EUA e das participações no talk-show de Jay Leno e no filme "Drácula" (1992), de Francis Ford Coppola.
As raízes latinas não parecem interessá-lo nem como fonte de inspiração: as principais referências para criar seus números são os personagens do escritor inglês H.G. Wells (de "A Guerra dos Mundos").
A vaidade vira mau humor quando a reportagem pergunta sobre uma possível volta à Venezuela natal. "Por que falar de coisas desagradáveis?" O presidente Hugo Chávez é uma delas? "Penso como todos [sobre ele]. Está óbvio, "na cara".
Também político é o discurso do francês Murat, discípulo do mímico Marcel Marceau (morto há duas semanas). Murat critica o fechamento, há dois anos, da escola fundada por Marceau. "É a atual vergonha da república francesa", dramatiza.
Reticente ao título de mágico, ele se define como alguém que "usa a magia para criar uma história que faz sonhar". E aponta o que Marceau lhe legou: "Tudo o que vivo e sinto, o público também deve viver".

Magia cômica
Quem também não se sente inteiramente à vontade na pele de ilusionista é Alonzo. "Não sou muito bom em truques com moedas ou cartas. Na verdade, sou mais um comediante fazendo papel de mágico." Com pontas na comédia de TV "Saved by the Bell" e no filme "Homens de Preto", ele diz se inspirar no gestual de um súdito (gauche) da rainha. "Quero ser o mister Bean da mágica."
Já o espanhol Mayoral bebe na fonte teatral e reverencia a velha guarda do ilusionismo.
"Os artistas de um século atrás, apesar da dificuldade de meios, criaram a maioria dos truques que conhecemos hoje."
O italiano Logan prefere olhar para o futuro do ofício. "Vejo uma nova era na magia", diz, descrevendo o número que será sua "módica contribuição à renovação" da magia.
Por fim, em tom gaiato, o "artesão" Michaels (que fabrica os objetos e máquinas que usa em cena) espanta o rótulo de "cafona" colado à figura (e ao figurino, sobretudo) do ilusionista. "É fora do palco que você vai me ver usando roupas bregas."


INTERNATIONAL MAGIC FESTIVAL 2
Quando:
de quarta (10) a domingo (14); qua. e qui., às 21h; sex., às 21h30; sáb., às 17h e às 21h; dom., às 16h e às 19h
Onde: teatro do shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569)
Quanto: R$ 90 e R$ 100 (ingressos à venda na bilheteria do teatro e no site www.ingressorapido.com.br


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