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Festival traz "ONU da mágica" a São Paulo
Evento tem ilusionistas de Estados Unidos, Venezuela, França, Espanha e Itália
Números dos artistas dialogam com a mímica, o teatro e a comédia stand-up; há até um aspirante a "mister Bean da mágica"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles levitam, fazem objetos
aparecer e sumir a seu bel prazer e sacam beldades ilesas de
caixas perfuradas por facas.
Mas uma coisa, não há truque
que oculte: o sotaque. É ele que
entrega as procedências diversas dos seis ilusionistas do International Magic Festival 2,
que voltam ao shopping Frei
Caneca a partir desta quarta,
depois de dois espetáculos na
semana passada.
A "ONU da prestidigitação"
tem o francês Jérome Murat, o
venezuelano Sonny Fontana, o
italiano Erix Logan, o espanhol
Juan Mayoral e os americanos
Ed Alonzo e Mike Michaels.
Radicado em Las Vegas há 14
anos, Fontana -que, salvo ilusão de ótica da reportagem, já
engatou um namorico com
uma guapa assistente brasileira- se gaba dos títulos ganhos
nos EUA e das participações no
talk-show de Jay Leno e no filme "Drácula" (1992), de Francis Ford Coppola.
As raízes latinas não parecem
interessá-lo nem como fonte de
inspiração: as principais referências para criar seus números são os personagens do escritor inglês H.G. Wells (de "A
Guerra dos Mundos").
A vaidade vira mau humor
quando a reportagem pergunta
sobre uma possível volta à Venezuela natal. "Por que falar de
coisas desagradáveis?" O presidente Hugo Chávez é uma delas? "Penso como todos [sobre
ele]. Está óbvio, "na cara".
Também político é o discurso
do francês Murat, discípulo do
mímico Marcel Marceau (morto há duas semanas). Murat critica o fechamento, há dois anos,
da escola fundada por Marceau.
"É a atual vergonha da república francesa", dramatiza.
Reticente ao título de mágico, ele se define como alguém
que "usa a magia para criar uma
história que faz sonhar". E
aponta o que Marceau lhe legou: "Tudo o que vivo e sinto, o
público também deve viver".
Magia cômica
Quem também não se sente
inteiramente à vontade na pele
de ilusionista é Alonzo. "Não
sou muito bom em truques
com moedas ou cartas. Na verdade, sou mais um comediante
fazendo papel de mágico." Com
pontas na comédia de TV "Saved by the Bell" e no filme "Homens de Preto", ele diz se inspirar no gestual de um súdito (gauche) da rainha. "Quero ser
o mister Bean da mágica."
Já o espanhol Mayoral bebe
na fonte teatral e reverencia a
velha guarda do ilusionismo.
"Os artistas de um século atrás,
apesar da dificuldade de meios,
criaram a maioria dos truques
que conhecemos hoje."
O italiano Logan prefere
olhar para o futuro do ofício.
"Vejo uma nova era na magia",
diz, descrevendo o número que
será sua "módica contribuição
à renovação" da magia.
Por fim, em tom gaiato, o "artesão" Michaels (que fabrica os
objetos e máquinas que usa em
cena) espanta o rótulo de "cafona" colado à figura (e ao figurino, sobretudo) do ilusionista.
"É fora do palco que você vai
me ver usando roupas bregas."
INTERNATIONAL MAGIC FESTIVAL 2
Quando: de quarta (10) a domingo
(14); qua. e qui., às 21h; sex., às
21h30; sáb., às 17h e às 21h; dom.,
às 16h e às 19h
Onde: teatro do shopping Frei Caneca (r. Frei Caneca, 569)
Quanto: R$ 90 e R$ 100 (ingressos à
venda na bilheteria do teatro e no
site www.ingressorapido.com.br
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