São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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"Novo Cinema Alemão - Anos 60 - 80" reúne Fassbinder, Herzog e Wenders

Divulgação
Klaus Kinski em cena de 'Nosferatu', de Werner Herzog

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Rótulos costumam provocar mais confusões que esclarecimentos. Mas permitem aproximar cineastas que pertencem a gerações, línguas ou territórios comuns, como é o caso de Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e Wim Wenders. Em três sessões diárias, de hoje até dia 19, no auditório da Caixa Cultural (praça da Sé, 111, tel. 3321-4400), será possível conhecer ou rever 26 títulos das trajetórias destes cineastas na mostra "Novo Cinema Alemão - Anos 60-80".
No dia 16, às 18h, um debate terá por tema os impactos e repercussões de suas obras, conduzido pelos críticos Inácio Araujo, da Folha, e Ruy Gardnier, do site Contracampo.
O fantasma da Segunda Guerra, projetado em uma sociedade que buscou exorcizá-lo superando a queda a partir de um novo salto com base na eficiência econômica, é o terreno comum sobre o qual Fassbinder, Wenders e Herzog construíram suas obras.
O primeiro, de modo menos enviesado, retratou uma Alemanha das classes médias, metendo o dedo em feridas mal cicatrizadas, em que as relações de poder, as hierarquias, xenofobia e exclusão sinalizam a permanência de valores que se julgavam extintos com a derrocada do regime nazista.
Wenders, enquanto foi um cineasta alemão, soube evitar os riscos do estetismo, apropriar-se de procedimentos do cinema de Antonioni e dar vigor à figura do solitário, do errante e do exilado como tantas expressões de um estado de alma contemporâneo, seres que vagavam entre o crepúsculo da modernidade e o advento da pós-modernidade.
Já Herzog encontra na alegoria seu vigor central e exalta figuras de visionários, conquistadores, delirantes e monstros, todos provas do quão acanhados podem se tornar os limites da razão. Mais próximos do romantismo que da contemporaneidade, seus personagens reencarnam resíduos de uma Alemanha que acreditou passar do pesadelo ao sonho sem chegar a abrir os olhos.


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