São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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"West Side Story" ganha 1ª montagem brasileira

Espetáculo de Jorge Takla estréia hoje, com elenco quase idêntico ao de "My Fair Lady"

Musical, que estreou em 1957 nos EUA, narra a história de Tony e Maria, Romeu e Julieta de NY separados por gangues rivais

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco dos seis protagonistas da primeira montagem brasileira do musical "West Side Story", que estréia hoje, em São Paulo, atuaram na encenação mais recente de "My Fair Lady", no ano passado. O diretor dos dois espetáculos é o mesmo, Jorge Takla, 57, que assim explica a "panelinha": "Para certos papéis, você não pode chamar alguém que não tenha experiência. Precisa ter resistência física, que vem com o fato de fazer musicais durante alguns anos seguidos. Você não vai investir milhões em cima de alguém que nunca fez nada."
São R$ 5 milhões, para ser mais preciso (além de R$ 1,5 milhão mensais necessários para a manutenção ao longo da temporada, até o fim de julho), que foram desembolsados para contar a história de Tony e Maria, Romeu e Julieta nova-iorquinos separados não por suas famílias, mas por gangues de rua rivais; no lugar dos clãs Montecchio e Capuleto, entram os Jets e os Sharks.
O espetáculo estreou na Broadway em 1957 e foi levado ao cinema quatro anos mais tarde, em produção premiada com dez Oscars.
Takla diz que sempre teve vontade de trazer o espetáculo "West Side Story" à cena brasileira, por se tratar de "um divisor de águas, um dos dois ou três que mudaram o musical, pelo grau de sofisticação da dramaturgia [de Arthur Laurents] e da coreografia [criada por Jerome Robbins]".
A concretização do projeto levou tempo, avalia ele, porque "até alguns anos atrás, não havia quem pudesse fazer esses papéis; chamávamos cantores líricos ou populares [para atuar nos espetáculos], mas não tinham agilidade para dançar".
Para Takla, o sucesso dos musicais na última década e o surgimento de leis de fomento ao teatro incentivaram os atores a investir em formação em canto e dança; assim, "reconquistaram" os postos ocupados pelos cantores.

"Não é franchising"
No palco do teatro Alfa, 43 atores (sendo 37 neófitos, segundo o diretor) encenarão a queda-de-braço entre os Jets e os Sharks, em 35 números musicais. A tradução das letras de Stephen Sondheim (o mesmo de "O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet") ficou a cargo do onipresente Claudio Botelho.
Takla, que comprou os direitos de texto e música de "West Side Story", afirma ter feito uma montagem original. "Não é franchising [que implica remontagem fidelíssima à matriz], que é o que se faz na [produtora] CIE Brasil [de "O Fantasma da Ópera" e "Chicago']."
Diretor da divisão de teatro da produtora entre 2002 e 2004, ele logo abranda o tom. "Na CIE, aprendi muito em termos técnicos. Saí por motivos pessoais; queria criar livremente, sem seguir um padrão que prenda, castre. Lá, fiz um trabalho mais administrativo."
A liberdade criativa que ele almeja se traduz, na montagem de "West Side Story", na introdução de elementos que remetam à cultura brasileira? "Dar uma cor local é algo que diminui qualquer obra, tira sua universalidade. Em qualquer espetáculo, o que dá a alma é a língua em que se fala. No caso do Brasil, a interpretação dos atores, mais calorosa e emocionante do que a média, é outro fator que aproxima o público."


WEST SIDE STORY
Quando:
qui. e sex., às 21h; sáb., às 17h e às 21h; dom., às 18h; até 27/7
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000 e 0300 789 3377; informações no site www.teatroalfa.com.br)
Quanto: de R$ 40 a R$ 150


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