MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi a partir de uma parede recoberta com um intenso laranja que Cassio Michalany, 58, decidiu ser artista plástico. Na época, era aluno de cursinho especial para tentar uma vaga na FAU-USP (Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo) e a pintura de Barnett Newman (1905-1970), um dos principais nomes do expressionismo abstrato nos EUA, chamou mais sua atenção na Bienal de São Paulo de 1967 que os personagens solitários das telas de Edward Hopper (1882-1967).
Hoje o verde parece concentrar muito do olhar de Michalany, um dos pintores mais importantes do cenário nacional, cuja trajetória é elogiada por críticos como Rodrigo Naves, Alberto Tassinari e Cauê Alves.
"Isso é muito importante para mim. Tenho meu tempo próprio para fazer minha obra, é um movimento contínuo. Ninguém espera que eu faça um trabalho que solte fumaça, por exemplo", diz o artista paulistano.
A cor verde é destaque de uma grande tela -há outras duas, em azul e em cinza-, que atraiu o curador Alfons Hug na mostra "Futebol -Desenho sobre Fundo Verde", ocorrida no CCBB do Rio, em 2006.
Michalany, a despeito das lentas mudanças, exibe uma série inédita de 12 relevos feitos em formato retangular ou quadrado. "Levei para o meu ateliê essas pequenas peças de madeira, não sabia o que iria fazer. Comecei a mexer nelas e acabou resultando nessa série", conta ele. "Se perceber bem, ela tem relações sutis com a cor e as formas das telas. São desdobramentos plásticos."