UOL


São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Teatro Brasileiro" tem autor secreto

ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL

"Você consegue chamar atenção para alguma coisa quando esconde essa coisa." A frase é de Leo, empresário da noite enfronhado em negociatas com políticos e policiais, em "O Mistério do Dedo Enterrado". O autor, Polo Jaru, deve saber do que fala. Polo quem? Exatamente. Polo Jaru é codinome de não se sabe quem. Disputou com outros 382 nomes de todas as regiões do Brasil a chance de ocupar as páginas do quinto volume da coleção "Teatro Brasileiro", da Hamdan Editora.
Sai do eterno bastidor em que transita a produção dramatúrgica brasileira em companhia de nomes já conhecidos do meio teatral e televisivo: Bosco Brasil (com "O Acidente"), Juca de Oliveira ("A Babá") e Júlio Fischer ("A Canção de Assis"). Não quer dizer que seja um neófito. "Não tenho nenhuma pista de quem é ele", conta a produtora cultural Soraia Hamdan, idealizadora e diretora da coleção. "Mas pelo texto é possível perceber que não é marinheiro de primeira viagem."
Sua participação no livro tem as sombras de um policial de Dashiell Hammet. "Preciso preservar minha família e a mim mesmo", teria dito num dos e-mails trocados com Soraia. "Se você souber quem sou, também corre risco." Nem sequer contrato foi firmado entre "as partes".
"O Mistério..." narra as investigações pela morte de três jovens com "requintes de crueldade". O suspense da vida real se deve, supostamente, ao fato de que descreveria fatos reais. O título da peça dá norte à ação policial.
Todo o resto vai se desvelando aos poucos, sinuosamente, na brincadeira de esconde proposta pelo autor. Excesso de zelo ou marketing, o fato é que o clima é propício. "Teatro Brasileiro" é a única coleção regular com amplitude nacional dedicada a fazer circular a produção contemporânea.
É caso que chama a atenção. Desde que começou, em 1998, a série desovou, inclusos estes, um total de 20 nomes. Um ou outro já havia chegado ao palco -neste volume, os textos de Júlio Fischer e de Bosco Brasil. "Teatro Brasileiro" tem tiragem de 3.000 exemplares. Três de cada quatro livros são distribuídos gratuitamente.
O lançamento do quinto volume esta noite no Sesc Pompéia precede mesa-redonda e série de debates que se estendem até sábado. São novas chances de reunir pistas de para onde seguem os rumos da dramaturgia nacional.


Texto Anterior: Evento: Ato arma frente de protesto antibélico
Próximo Texto: Música erudita/crítica: A cigana de Andaluzia e o rei cego de Tebas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.