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"Teatro Brasileiro" tem autor secreto
ISRAEL DO VALE
DA REPORTAGEM LOCAL
"Você consegue chamar atenção para alguma coisa quando esconde essa coisa." A frase é de Leo, empresário da noite enfronhado em negociatas com políticos e policiais, em "O Mistério do
Dedo Enterrado". O autor, Polo
Jaru, deve saber do que fala. Polo
quem? Exatamente. Polo Jaru é
codinome de não se sabe quem.
Disputou com outros 382 nomes
de todas as regiões do Brasil a
chance de ocupar as páginas do
quinto volume da coleção "Teatro
Brasileiro", da Hamdan Editora.
Sai do eterno bastidor em que
transita a produção dramatúrgica
brasileira em companhia de nomes já conhecidos do meio teatral
e televisivo: Bosco Brasil (com "O
Acidente"), Juca de Oliveira ("A
Babá") e Júlio Fischer ("A Canção
de Assis"). Não quer dizer que seja um neófito. "Não tenho nenhuma pista de quem é ele", conta a
produtora cultural Soraia Hamdan, idealizadora e diretora da coleção. "Mas pelo texto é possível
perceber que não é marinheiro de
primeira viagem."
Sua participação no livro tem as
sombras de um policial de Dashiell Hammet. "Preciso preservar
minha família e a mim mesmo",
teria dito num dos e-mails trocados com Soraia. "Se você souber
quem sou, também corre risco."
Nem sequer contrato foi firmado
entre "as partes".
"O Mistério..." narra as investigações pela morte de três jovens
com "requintes de crueldade". O
suspense da vida real se deve, supostamente, ao fato de que descreveria fatos reais. O título da peça dá norte à ação policial.
Todo o resto vai se desvelando
aos poucos, sinuosamente, na
brincadeira de esconde proposta
pelo autor. Excesso de zelo ou
marketing, o fato é que o clima é
propício. "Teatro Brasileiro" é a
única coleção regular com amplitude nacional dedicada a fazer circular a produção contemporânea.
É caso que chama a atenção.
Desde que começou, em 1998, a
série desovou, inclusos estes, um
total de 20 nomes. Um ou outro já
havia chegado ao palco -neste
volume, os textos de Júlio Fischer
e de Bosco Brasil. "Teatro Brasileiro" tem tiragem de 3.000 exemplares. Três de cada quatro livros são distribuídos gratuitamente.
O lançamento do quinto volume esta noite no Sesc Pompéia
precede mesa-redonda e série de debates que se estendem até sábado. São novas chances de reunir pistas de para onde seguem os rumos da dramaturgia nacional.
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