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Comentário/teatro
Zé Celso restaura em Araraquara "Vento Forte para um Papagaio Subir"
DA REPORTAGEM LOCAL
Restauro. É a palavra que parece traduzir o que aconteceu
na noite de domingo em Araraquara (273 km de São Paulo).
Pela primeira vez, a cidade assistiu a uma encenação da peça
seminal de José Celso Martinez Corrêa, "Vento Forte para
um Papagaio Subir" (1958).
Em se tratando de Zé Celso,
70, esse resgate só é possível se
celebrado com os sentidos de
presença e de teatro vivo que
marcam os quase 50 anos do
Oficina. Não foi diferente no
Sesc Araraquara, que teve a
área de convivência usada para
a apresentação. Cerca de 600
pessoas lotaram o piso superior
e as arquibancadas laterais do
corredor de terra, plataforma
para o projeto "Evoé! Zé", homenagem ao conterrâneo.
A peça é plena de passagens
biográficas e de memórias da
cidade e sua gente, por vezes
mal cicatrizadas, como o episódio da violenta usurpação do
teatro municipal como prédio
da prefeitura, nos anos 60.
O caráter documental das
imagens projetadas em preto-e-branco, mais Zé Celso ao piano a "reger" o passado/presente na voz e corpo dos atores,
tornam orgânica a metáfora da
"tempestade", destruição a
limpar o caminho das belezas.
Uma vez rompida a linha umbilical da pipa é também a da
obra e a do ser cujo ímpeto juvenil proclama que "é preciso
não saber nada, é preciso não
ser "poeta" até morrer". Coisa
de poeta, (re)acolhido em seu
útero e quintal.
(VS)
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