São Paulo, terça-feira, 08 de maio de 2007

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Comentário/teatro

Zé Celso restaura em Araraquara "Vento Forte para um Papagaio Subir"

DA REPORTAGEM LOCAL

Restauro. É a palavra que parece traduzir o que aconteceu na noite de domingo em Araraquara (273 km de São Paulo). Pela primeira vez, a cidade assistiu a uma encenação da peça seminal de José Celso Martinez Corrêa, "Vento Forte para um Papagaio Subir" (1958).
Em se tratando de Zé Celso, 70, esse resgate só é possível se celebrado com os sentidos de presença e de teatro vivo que marcam os quase 50 anos do Oficina. Não foi diferente no Sesc Araraquara, que teve a área de convivência usada para a apresentação. Cerca de 600 pessoas lotaram o piso superior e as arquibancadas laterais do corredor de terra, plataforma para o projeto "Evoé! Zé", homenagem ao conterrâneo.
A peça é plena de passagens biográficas e de memórias da cidade e sua gente, por vezes mal cicatrizadas, como o episódio da violenta usurpação do teatro municipal como prédio da prefeitura, nos anos 60.
O caráter documental das imagens projetadas em preto-e-branco, mais Zé Celso ao piano a "reger" o passado/presente na voz e corpo dos atores, tornam orgânica a metáfora da "tempestade", destruição a limpar o caminho das belezas.
Uma vez rompida a linha umbilical da pipa é também a da obra e a do ser cujo ímpeto juvenil proclama que "é preciso não saber nada, é preciso não ser "poeta" até morrer". Coisa de poeta, (re)acolhido em seu útero e quintal. (VS)


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