São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007 |
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Duas exposições exibem variada obra de Sacilotto Santo André sedia duas mostras com as fases figurativa e construtiva do artista, que tem escultura na Documenta Visitante pode conhecer trabalhos expressionistas de nome ligado ao grupo Ruptura, que catalisou o concretismo no Brasil
MARIO GIOIA DA REPORTAGEM LOCAL Para conhecer um dos principais artistas construtivos brasileiros, você pode ir para Kassel, na Alemanha, e ver "Escultura Negra" (1959), um dos 530 trabalhos da Documenta, uma das principais exposições de arte em âmbito mundial. Mas muito da produção de Luiz Sacilotto (1924-2003) pode ser vista hoje em Santo André, no ABC paulista, em duas mostras que exploram desde a fase inicial, expressionista, do artista até sua atuação na arte concreta, mais conhecida. Sacilotto sempre morou na cidade e é um dos sete signatários do manifesto do grupo Ruptura, em 1952, um dos momentos-chave das artes visuais brasileiras por demarcar a eclosão do movimento concreto no país. O texto, assinado por nomes como Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Lothar Charoux (1912-1987), entre outros, pregava a idéia de uma nova arte. A mostra "Luiz Sacilotto -Operário da Forma" apresenta 70 obras do artista mais ligadas à sua fase construtiva. Elas estão na Sabina Escola Parque do Conhecimento, espaço expositivo que exibe gravuras, telas, esculturas e maquetes de Sacilotto. O prédio de linhas contemporâneas foi projetado pelo arquiteto capixaba Paulo Mendes da Rocha. "Acho que é um bom panorama da obra de Sacilotto a partir dos anos 50", considera a curadora da exposição, Paula Caetano, 51. Os trabalhos pertencem a Valter Sacilotto, 53, filho e responsável pelo acervo do artista, e à Prefeitura de Santo André. Alguns deles são inéditos, como um grande mural presente na entrada da mostra. "Montei em ordem cronológica para que o público pudesse entender o processo de criação do artista. É bastante interativa, com grandes projeções de vídeo e formas geométricas que formam jogos para a manipulação do visitante", conta a curadora. "Acho que a questão do corte e dobra no espaço, que Sacilotto fazia tão bem, por exemplo, é bastante visível." Fase figurativa Já a Casa do Olhar Luiz Sacilotto -ganhou o nome em abril deste ano, quando o palacete dos anos 20 foi reaberto- apresenta 20 trabalhos, entre telas e gravuras, na exposição "Sacilotto - Retratos e Paisagens". A mostra destaca obras da fase expressionista do artista, como seu "Auto-Retrato" (1947), além de naturezas-mortas e paisagens. "Ele foi um grande companheiro que se extraviou no caminho", brinca Marcelo Grassmann, 81, um dos mais importantes nomes da gravura brasileira, amigo de Sacilotto desde a juventude. "Depois do expressionismo, que admirávamos em conjunto, ele foi para o abstrato e para o construtivo", lembra. Octávio Araújo, 81, outro amigo de Sacilotto da juventude, recorda a influência dos expressionistas alemães na formação do grupo. "Admirávamos Beckmann [1884-1950] e Schmidt-Rottluff [1884-1976]." O filho Valter não esquece o lado boêmio e o gosto por viagens do artista. "Ele sempre trabalhou muito, mas vivia bem, gostava de vinhos. Na juventude, reunia-se com os concretos e participava de jantares que iam até longe da noite", conta. "Mais recentemente, fazia viagens para EUA e Europa para visitar mostras, junto com o Barsotti [Hércules, artista concreto], o Ianelli [Arcangelo, pintor e escultor, 84]." LUIZ SACILOTTO - OPERÁRIO DA FORMA Quando: em jul., de ter. a sex., das 8h30 às 17h30; e das 18h às 22h; sáb. e dom., das 9h às 17h30 (bilheteria fecha 1h30 antes) Onde: Sabina Escola Parque do Conhecimento (r. Juquiá, ao lado do 135, Santo André, tel. 4422-2000) Quanto: R$ 10
SACILOTTO - RETRATOS
E PAISAGENS
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