Panorama Sesi de Dança chega à nona edição e apresenta coreografias inéditas

Cia. Borelli mostra sua nova criação de temática política ao público; grupo Quasar e Grupo de Rua de Niterói são convidados de destaque

Divulgação

Bailarinos da companhia Quasar em cena; o grupo faz a estreia de seu espetáculo "Céu na Boca" no próximo sábado

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Numa cidade em que os festivais de dança em geral têm vida curta, a nona edição do Panorama Sesi de Dança, que começa hoje, é uma raridade. Como nos anos passados, o festival realizado no Teatro do Sesi reúne companhias de dança contemporânea de São Paulo e convidadas de outras cidades, num painel amplo de estilos e movimentos. Há estreias nacionais, como "Estado Independente", da paulistana Cia. Borelli, que abre o evento, e "Céu na Boca", criação da Quasar, de Goiânia, além de um convidado de projeção internacional: o Grupo de Rua de Niterói, do coreógrafo Bruno Beltrão. A companhia fecha o Panorama nos dias 18 e 19 apresentando "H3", obra que tem rodado os principais festivais do mundo e que só teve duas apresentações em São Paulo em novembro passado. "Compor um festival como o Panorama requer uma matemática complexa porque não temos verba para encomendar obras mas, ao mesmo tempo, é importante ter estreias e também ter a chance de apresentar companhias de sucesso, como é o caso do grupo do Bruno Beltrão, ou pouco conhecidas aqui, como é a Staccato, do carioca Paulo Caldas, que traz "Quinteto", obra inédita na cidade", conta a curadora Renata Melo.

Abertura política
O espetáculo de abertura, "Estado Independente", é uma bandeira política do coreógrafo Sandro Borelli. Inspirado em textos do revolucionário Ernesto Che Guevara, o trabalho é um sonho antigo de Borelli, que, com ele, pretende insuflar a comunidade da dança paulistana a ser mais engajada. "Não tenho medo de parecer démodé, porque acho que a dança tem que voltar a ter um papel contestador, como tinha nos anos 70, quando o Ballet Stagium mostrava em cena questões políticas do Brasil em plena ditadura", diz Borelli, que no entanto, em cena exibe um espetáculo menos militante do que se poderia imaginar. "É uma militância sutil, mais suave, porque a questão política já está presente na própria escolha do tema." Já a outra estreia nacional, "Céu na Boca", que será apresentada no sábado, mostra uma Quasar mais física e energética do que de costume, porém tão lúdica e engraçada como nos espetáculos que projetaram a companhia no resto do país nos anos 90. "É um trabalho que trata de questões existenciais mas não pretende contar uma história. É tudo menos descritivo ou teatral, apesar de bem humorado", completa o coreógrafo Henrique Rodovalho.