São Paulo, sábado, 08 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Bandas "desconhecidas" desafiam consagradas

Grupos como Spoon e Foals são atrações do festival Planeta Terra, em SP

Evento está com 15 mil ingressos esgotados; entre as atrações, estão artistas veteranos como Jesus & Mary Chain e Breeders


DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com três palcos, 16 atrações entre artistas do novo e do velho rock e 15 mil ingressos esgotados, acontece hoje a segunda edição do festival Planeta Terra, na Villa dos Galpões, na zona sul de São Paulo.
Com artistas como a novata Mallu Magalhães e os veteranos Jesus & Mary Chain, o evento tem início às 16h30 de hoje e deve se estender até as 3h de amanhã.
Os ingleses Bloc Party e Kaiser Chiefs e a banda punk-pop norte-americana Offspring são as atrações mais conhecidas do festival, mas há duas bandas, fora das paradas e dos olhos do grande público, que devem fazer shows interessantes.
Uma é o Spoon, velha conhecida do rock independente americano. A banda alia guitarras angulares a letras com algum teor social; no ano, lançou o elogiado "Ga Ga Ga Ga Ga", que percorreu listas de melhores do ano.
"Tenho uma idéia, talvez uma melodia, um verso qualquer, e penso em várias mutações a partir disso", disse à Folha o vocalista Britt Daniel. "É muito rápido, são momentos de inspiração que não quero deixar passar. E não gosto de fazer um verso, depois o refrão... não é isso o que me excita."

Um desafio a Jesus
E o "show mais 2008" do festival corre o risco de passar batido por causa de um "show anos 90". Numa espécie de blasfêmia indie, a nova banda inglesa Foals desafia Jesus.
"Não me importo de estar tocando no mesmo horário que o Jesus & Mary Chain", diz Yannis Philippakis, vocalista e guitarrista do Foals, em entrevista por telefone direto da Inglaterra. "Festival é assim mesmo. Chega a ser cruel ver bandas boas tocando no mesmo horário que outras. Mas existe sempre alguém para ver seu show, então é para essas pessoas que a gente vai se matar no palco."
Uma das bandas mais interessantes da nova safra inglesa do cruzamento rock e dance, o Foals se apresenta no Planeta Terra às 20h30. Meia hora antes, o grupo escocês veterano e reformado Jesus & Mary Chain já vai ter iniciado seu segundo show em São Paulo, depois de ter tocado na cidade em 1990.
A diferença de formação das duas bandas britânicas é de 20 anos. Mas para o rock moderno do Foals isso não faz diferença.
"Há pouco mais de um ano a gente não tinha um single lançado. Hoje já nos chamam para tocar em festivais grandes em lugares como o Brasil. Alguém aí deve conhecer nossa música, não é possível", afirma Philippakis. "Quando penso nessas coisas eu acho muito assustador. Mas páro logo de pensar para não enlouquecer."
Muito além da combinação do estilo indie + dance music, o Foals espichou sua música para um lado experimental, às vezes mínimo, às vezes máximo, progressivo, calculado, o que levou a banda à classificação de "rock matemático".
"Isso é bobagem. Nem sei o que é rock matemático. Se existe uma definição que caiba ao nosso som é música caótica, direta e violenta", tenta explicar o líder da banda.
O Foals lançou seu álbum de estréia em março deste ano, na Inglaterra, pelo hoje cultuado selo Transgressive Records. Chama "Antidotes" e tem produção de Dave Sitek, o músico da banda TV on the Radio que virou o "produtor do momento" na música indie. Nos EUA, o disco do Foals foi lançado em abril pelo selo Sub Pop. Até chegar ao Planeta Terra, a banda circulou por vários grandes festivais de música do mundo, como Glastonbury e Lollapalooza. Para fechar o ano, vem ao Brasil "desafiar Jesus".
Está bom para uma banda que há pouco mais de um ano não tinha um single lançado, não?
(THIAGO NEY, LÚCIO RIBEIRO)



Próximo Texto: Harpista e violoncelista misturam erudito e MPB
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.