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Bandas "desconhecidas" desafiam consagradas
Grupos como Spoon e Foals são atrações do festival Planeta Terra, em SP
Evento está com 15 mil ingressos esgotados; entre as atrações, estão artistas veteranos como Jesus & Mary Chain e Breeders
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com três palcos, 16 atrações
entre artistas do novo e do velho rock e 15 mil ingressos esgotados, acontece hoje a segunda
edição do festival Planeta Terra, na Villa dos Galpões, na zona sul de São Paulo.
Com artistas como a novata
Mallu Magalhães e os veteranos Jesus & Mary Chain, o
evento tem início às 16h30 de
hoje e deve se estender até as
3h de amanhã.
Os ingleses Bloc Party e Kaiser Chiefs e a banda punk-pop
norte-americana Offspring são
as atrações mais conhecidas do
festival, mas há duas bandas,
fora das paradas e dos olhos do
grande público, que devem fazer shows interessantes.
Uma é o Spoon, velha conhecida do rock independente
americano. A banda alia guitarras angulares a letras com algum teor social; no ano, lançou
o elogiado "Ga Ga Ga Ga Ga",
que percorreu listas de melhores do ano.
"Tenho uma idéia, talvez
uma melodia, um verso qualquer, e penso em várias mutações a partir disso", disse à Folha o vocalista Britt Daniel. "É
muito rápido, são momentos de
inspiração que não quero deixar passar. E não gosto de fazer
um verso, depois o refrão... não
é isso o que me excita."
Um desafio a Jesus
E o "show mais 2008" do festival corre o risco de passar batido por causa de um "show
anos 90". Numa espécie de
blasfêmia indie, a nova banda
inglesa Foals desafia Jesus.
"Não me importo de estar tocando no mesmo horário que o
Jesus & Mary Chain", diz Yannis Philippakis, vocalista e guitarrista do Foals, em entrevista
por telefone direto da Inglaterra. "Festival é assim mesmo.
Chega a ser cruel ver bandas
boas tocando no mesmo horário que outras. Mas existe sempre alguém para ver seu show,
então é para essas pessoas que a
gente vai se matar no palco."
Uma das bandas mais interessantes da nova safra inglesa
do cruzamento rock e dance, o
Foals se apresenta no Planeta
Terra às 20h30. Meia hora antes, o grupo escocês veterano e
reformado Jesus & Mary Chain
já vai ter iniciado seu segundo
show em São Paulo, depois de
ter tocado na cidade em 1990.
A diferença de formação das
duas bandas britânicas é de 20
anos. Mas para o rock moderno
do Foals isso não faz diferença.
"Há pouco mais de um ano a
gente não tinha um single lançado. Hoje já nos chamam para
tocar em festivais grandes em
lugares como o Brasil. Alguém
aí deve conhecer nossa música,
não é possível", afirma Philippakis. "Quando penso nessas
coisas eu acho muito assustador. Mas páro logo de pensar
para não enlouquecer."
Muito além da combinação
do estilo indie + dance music, o
Foals espichou sua música para
um lado experimental, às vezes
mínimo, às vezes máximo, progressivo, calculado, o que levou
a banda à classificação de "rock
matemático".
"Isso é bobagem. Nem sei o
que é rock matemático. Se existe uma definição que caiba ao
nosso som é música caótica, direta e violenta", tenta explicar o
líder da banda.
O Foals lançou seu álbum de
estréia em março deste ano, na
Inglaterra, pelo hoje cultuado
selo Transgressive Records.
Chama "Antidotes" e tem produção de Dave Sitek, o músico
da banda TV on the Radio que
virou o "produtor do momento" na música indie. Nos EUA, o
disco do Foals foi lançado em
abril pelo selo Sub Pop. Até
chegar ao Planeta Terra, a banda circulou por vários grandes
festivais de música do mundo,
como Glastonbury e Lollapalooza. Para fechar o ano, vem ao
Brasil "desafiar Jesus".
Está bom para uma banda
que há pouco mais de um ano
não tinha um single lançado,
não?
(THIAGO NEY, LÚCIO RIBEIRO)
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