São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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Le Parc mostra arte cinética em SP

Um dos principais expoentes da arte que explora o movimento, argentino radicado em Paris expõe na galeria Nara Roesler

Grande instalação apresentada em Paris é remontada em espaço em SP; artista comemora revalorização dos cinéticos

Alex Almeida/Folha Imagem
Julio Le Parc, 79, com sua tela "Formas em Contorção', de 1969, que é exibida em individual que acontece na galeria Nara Roesler


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A temporada de arte cinética em São Paulo ganhou mais um reforço de peso ontem, com a abertura da exposição do argentino Julio Le Parc, 79, na galeria Nara Roesler.
Le Parc, radicado em Paris desde 1958, é um dos principais artistas cinéticos vivos. No Brasil, sua últimas grandes mostras aconteceram na Pinacoteca do Estado e na própria Nara Roesler, em 2001.
Vencedor do Grande Prêmio de Pintura, na Bienal de Veneza, em 1966, Le Parc foi um dos expoentes do Grav (Grupo de Pesquisa de Arte Visual), que foi criado em Paris em 1960 e propunha uma arte cinética mais próxima ao cotidiano.
Além do artista argentino, faziam parte do grupo François Morellet e Yvaral (1934-2002), entre outros. Le Parc acredita que agora a arte cinética -que se baseia no movimento- está sendo devidamente valorizada, como atesta a grande exposição "O(s) Cinético(s)", montada no museu Reina Sofía, em Madri, e atualmente em cartaz em São Paulo.
"Tudo aquilo que fazíamos está sendo reavaliado com mais justiça. Acho que, nas décadas passadas, muito da rejeição do meio vinha do fato de que artistas latino-americanos e europeus eram os principais nomes cinéticos. Nos EUA, quase não houve reconhecimento, e sabemos que os EUA são centrais na mídia e no sistema das artes", explica Le Parc.

Instalação
A exposição na Nara Roesler reúne cerca de 30 obras, que passam por várias fases da produção do argentino, incluindo uma instalação anteriormente vista na Bienal de Paris, em 1962, uma grande obra ambiental que utiliza luzes e reflexos e que joga com a movimentação do público.
Para chegar a uma instalação de grande porte, Le Parc inicialmente começou a testar os limites do plano. Em trabalhos mais antigos da mostra, como "Ambivalence" (1959), ele utiliza preto, branco e cinza para formar o princípio de sua obra.
"Para buscar experiências do olhar do observador, usava em uma superfície seqüências de formas que se repetiam", diz.
No ano seguinte, Le Parc vai avançando no espaço, com seus relevos e curvas que se expandem e se soltam do plano. Também há mais experimentações com a cor nessa fase. "O estudo de cores era muito detalhado.
Eu me fixava muito nas sensações que o olhar periférico pode produzir", conta o artista. Nos anos 60, surgem obras que utilizam a luz, o movimento e constituem ambientes de tamanho maior. Sua obra ganha popularidade e adquire um aspecto quase lúdico. "O público gosta muito da arte cinética até agora, tem uma interação forte com os trabalhos."
Na mesma década, Le Parc tem uma atuação política forte, quando lidera o boicote à Bienal de São Paulo, em 1969. "Havia falado com Oiticica [Hélio], Camargo [Sergio] e outros amigos em Paris, e era a atitude a ser tomada", lembra ele.


JULIO LE PARC
Quando:
de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 31/1
Onde: Galeria Nara Roesler (av. Europa, 655, tel. 3063-2344)
Quanto: entrada franca


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