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TEATRO
Grupo encena peças no CCSP
Cia. São Jorge revê oito anos em repertório
DA REPORTAGEM LOCAL
Oito anos é tempo suficiente
para um grupo teatral dizer a que
veio. A Companhia São Jorge de
Variedades costura sua arte desde
1998, numa linguagem que desce
com senso crítico às raízes do país
que pisa mas também lhe arranca
poesia e lira.
O espectador tem a chance de
ver ou rever esse caminho no repertório que a São Jorge apresenta no Centro Cultural São Paulo,
de hoje ao final de maio.
A começar pela estréia da remontagem do primeiro trabalho,
"Pedro, o Cru", do português António Patrício, com direção de
Georgette Fadel. A obra reflete sobre a herança de romantismo e
melancolia lusitanos. No século
14, Pedro, rei de Portugal, trai os
juramentos feitos a seu pai e vinga-se dos matadores de sua amada, Inês de Castro. Em seguida,
exuma o cadáver dela, enterrado
há anos, e a coroa como rainha.
Depois vem "Um Credor da Fazenda Nacional" (2000), de Qorpo Santo, também encenado por
Fadel. Expõe o embate Estado X
cidadão pelo périplo de um funcionário por uma instituição burocrática para reaver o que lhe devem. O musical "Biedermann e
Os Incendiários" (2001), do suíço
Max Frisch, serviu para a Cia. São
Jorge expor as vicissitudes da noção de justiça. O pequeno-burguês Candido Biedermann hospeda um desconhecido, que depois traz outro e com ele galões de
gasolina. Advertido do "perigo",
ainda assim o anfitrião não reage.
No itinerante "As Bastianas"
(2004), a cia. radicaliza sua pesquisa a partir da residência em albergues da cidade. Contos do ator
e poeta Gero Camilo geram sentidos de identidade colhidos entre
excluídos, evocando-se também o
universo mitológico dos orixás do
candomblé. A mostra será intercalada ainda por solos dos integrantes da cia.
(VALMIR SANTOS)
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