São Paulo, segunda-feira, 09 de março de 2009

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Dupla se inspira com controle e vigilância

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um coro de cigarras elétricas grita que algo vai mudar. São alarmes na fachada que levam o olhar às balas perdidas, pequenas luzes vermelhas cravadas na parede branca da galeria.
Na individual que abrem amanhã na galeria Vermelho, Gisela Motta e Leandro Lima mostram que não esqueceram a violência. "A gente fala de sobrevivência, estar sob controle, vigiar para estar seguro", descreve Lima, 32. "É uma violência trabalhada", diz Motta, 32.
Trabalhada porque é praxe da dupla desconstruir sistemas, em processos cerebrais, espécie de corte e costura de imagens. Se antes hackearam videogames e reproduziram revólveres e metralhadoras em papelão, aqui roubam da internet mapas de cidades que imprimem sobre circuitos de computador, pensando em rotas e o controle sobre elas. "O mapa é estratégia", diz Lima.
No processo, descobriram que os atlas virtuais costumam bloquear o acesso aos mapas de cidades em guerra, mas nada impede que as câmeras em terra façam o papel de invasores.
"Para cada lugar que você olha, tem uma negação", diz Motta, sobre a série de 14 backlights que instalou no segundo andar. Cada um mostra a palma da mão de alguém que não quis ser fotografado -gente na cama, políticos, militares, celebridades. "São várias camadas de negações, fotos roubadas."
Fecha ainda mais o cerco à privacidade a videoinstalação diante das palmas: bonequinhos voltam o olhar para quem passa diante da tela. São pequenos policiais, bombeiros e vigias de outra espécie que seguem com olhos de plástico cada passo dos visitantes.
Rotas de fuga esgotadas, os artistas instalam letreiros de laser com as palavras "exit" e "eject" nos pontos sem saída.


LEANDRO LIMA E GISELA MOTTA
Quando:
abertura amanhã, às 20h; de ter. a sex., das 10h às 19h, sáb., das 11h às 17h; até 4/4
Onde: galeria Vermelho (r. Minas Gerais, 350, tel. 3138-1520)
Quanto: entrada franca



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