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Dupla se inspira com controle e vigilância
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um coro de cigarras elétricas
grita que algo vai mudar. São
alarmes na fachada que levam o
olhar às balas perdidas, pequenas luzes vermelhas cravadas
na parede branca da galeria.
Na individual que abrem
amanhã na galeria Vermelho,
Gisela Motta e Leandro Lima
mostram que não esqueceram
a violência. "A gente fala de sobrevivência, estar sob controle,
vigiar para estar seguro", descreve Lima, 32. "É uma violência trabalhada", diz Motta, 32.
Trabalhada porque é praxe
da dupla desconstruir sistemas,
em processos cerebrais, espécie de corte e costura de imagens. Se antes hackearam videogames e reproduziram revólveres e metralhadoras em
papelão, aqui roubam da internet mapas de cidades que imprimem sobre circuitos de
computador, pensando em rotas e o controle sobre elas. "O
mapa é estratégia", diz Lima.
No processo, descobriram
que os atlas virtuais costumam
bloquear o acesso aos mapas de
cidades em guerra, mas nada
impede que as câmeras em terra façam o papel de invasores.
"Para cada lugar que você
olha, tem uma negação", diz
Motta, sobre a série de 14 backlights que instalou no segundo
andar. Cada um mostra a palma
da mão de alguém que não quis
ser fotografado -gente na cama, políticos, militares, celebridades. "São várias camadas de
negações, fotos roubadas."
Fecha ainda mais o cerco à
privacidade a videoinstalação
diante das palmas: bonequinhos voltam o olhar para quem
passa diante da tela. São pequenos policiais, bombeiros e vigias de outra espécie que seguem com olhos de plástico cada passo dos visitantes.
Rotas de fuga esgotadas, os
artistas instalam letreiros de
laser com as palavras "exit" e
"eject" nos pontos sem saída.
LEANDRO LIMA
E GISELA MOTTA
Quando: abertura amanhã, às 20h;
de ter. a sex., das 10h às 19h, sáb.,
das 11h às 17h; até 4/4
Onde: galeria Vermelho (r. Minas
Gerais, 350, tel. 3138-1520)
Quanto: entrada franca
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