São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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MÚSICA
O vocalista Greg Graffin diz que agora, sim, será uma verdadeira apresentação da banda, que tocou aqui em 96
Bad Religion faz "1º show" em São Paulo

Divulgação
A banda californiana Bad Religion, que toca hoje e amanhã em SP


MARCELO NEGROMONTE
da Redação

Estava quase tudo certo para a segunda vinda ao Brasil do Bad Religion em março de 98. Por problemas vários, a banda californiana se apresenta um ano depois, hoje e amanhã, em São Paulo.
E, segundo o vocalista Greg Graffin, este será o primeiro show do Bad Religion em São Paulo. "Da primeira vez que viemos gostamos muito do show que fizemos em Curitiba, porque foi um show do Bad Religion. Os outros shows (no país) eram parte de um festival (Close-Up Festival, em 96, na pista de atletismo do Ibirapuera)."
"Agora, sim, São Paulo terá um show do Bad Religion", afirmou Graffin, 34, à Folha, de seu estúdio em Nova York. A banda também toca em Santos (dia 11), em Curitiba (dia 12) e no Rio (dia 13).
Formada há 19 anos e com 13 discos lançados (o último é "No Substance", de 98), o Bad Religion é a mais longeva e consistente banda punk formada no começo dos 80. Por mais de década restrita ao underground, na gravadora Epitaph (do ex-guitarrista da banda, Brett Gurewitz), o Bad Religion chegou às paradas em 94 com o álbum "Stranger than Fiction", primeiro por uma grande gravadora (Sony).
Desde 1980, a banda já passeou pela psicodelia, hard rock e heavy metal, mantendo as letras de cunho ácido e mais elaboradas que a maioria das bandas punk. A sonoridade pouco muda de um disco para o outro -rápida, concisa, com vocais indeléveis de Graffin.

Folha - É possível ser punk aos 34 anos?
Greg Graffin -
Definitivamente. Você pode sê-lo em qualquer época da sua vida. Uma vida em que se questiona os dogmas estabelecidos. Um dos meus objetivos é ajudar a definir para as pessoas o que o punk significa de fato. Hoje tudo é confuso, não há definições claras.
Folha - O punk tem a mesma relevância no final dos 90 do que tinha no final dos 70?
Graffin -
Acho que tem mais importância. Simplesmente porque mais jovens do que nunca estão ouvindo punk music.
Folha - Mas no final dos 70 havia uma situação política e econômica na Inglaterra que possibilitou e estimulou o surgimento do punk. Hoje não há mais maniqueísmos, dicotomias, algo claro a ser combatido. Você concorda?
Graffin -
Não. Porque o punk britânico, por razões várias, não tinha ligação com os jovens. Era direcionado para pessoas que procuravam empregos, mais velhas, da classe operária. E o que o movimento punk norte-americano trouxe foi sentimento para garotos que ainda estavam no colegial, que eram predominantemente da classe média, que viviam fora dos centros urbanos. E, nesse sentido, democratizou mais a cena punk, porque levou o punk para um número maior de pessoas que ainda estavam insatisfeitas por viverem como clones nos subúrbios.
Folha - Com a longevidade do Bad Religion, a música da banda adquiriu uma sonoridade bastante característica, o que acaba identificando, mas também uniformizando o som a cada disco, quase como uma fórmula de sucesso. O que você acha disso?
Graffin -
Todo ano tentamos ir um pouco mais além, para não estagnarmos. Aqueles que criticam não são tão sofisticados em música em geral. Ouço o mesmo tipo de falta de refinamento quando alguém tenta definir clássico e dizem que todas as músicas de Beethoven, por exemplo, são iguais. Mas nunca ouvi um fã falar isso, só críticos que só ouviram um disco.

Show: Bad Religion
Onde: Olympia (r. Clélia, 1.517, Lapa, tel. 252-6255)
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Quanto: de R$ 30 a R$ 50



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