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DANÇA
Companhia norte-americana apresenta microcosmo de tipos humanos que ressoa na diversidade dos movimentos
Bill T. Jones coreo grafa vibra ção dos gestos
Divulgação
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Cena de coreografia da companhia norte-americana Bill T. Jones, que faz sua última apresentação na cidade hoje, no teatro Alfa |
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
Os ombros, as mãos, as pernas, a cabeça: cada parte do
corpo é um instrumento sensível
de uma orquestra que vibra no espaço. A dança de Bill T. Jones articula seu próprio vocabulário,
combinando fontes variadas. É
uma linguagem refinada e inovadora, provocativamente homoerótica, intensamente pessoal.
Nesta temporada, a companhia
apresenta quatro coreografias.
"Power/Full" justifica o trocadilho do título: "powerful", poderosa, e "full power", com toda força.
A poderosa síntese dos movimentos, aliada à economia dos meios,
tem seu exemplo máximo no gigante black, Germaul Barnes. Seu
corpo se desmonta em contraponto à vibração dos gestos, num
palco redesenhado geometricamente por quadrados e retângulos de luz, que vibram também
com a dança. Barnes move-se em
ressonância com cinco bailarinos.
Pequenos cânones vão se sucedendo, num tempo que se expande, mas não dura nunca mais do
que alguns segundos. Força total.
Já em "Verbum", com música
de Beethoven (o "Quarteto" op.
135), Jones cria padrões e frases
que se repetem ao longo de toda a
coreografia, como os motivos e
temas da música. Merece destaque o solo da bailarina Toshiko
Oiwa. Seu corpo preenche os vazios da música, criando outra música no espaço.
"Black Suzanne" tira o nome de
uma flor típica dos EUA. Ela aparece no fundo do palco, como
uma margarida. No centro, no
chão, um quadrado vermelho, sugerindo um ringue, onde os bailarinos entram e de onde saem. Os
corpos se atraem e sustentam pela
técnica de contato-e-improvisação. Exemplo: um enorme homem branco deita sobre as costas
de uma pequena mulher negra,
que gira com seu corpo no espaço. A dança atlética tem força de
grupo, ganhando cada vez mais
densidade sobre o quadrado.
"Some Songs" foi vista no Brasil
em 1997. A coreografia, sobre música do cantor e compositor francês Jacques Brel, salienta as tramas e destramas pessoais: trios,
duos e solos compõem uma geometria cênica original, que só tem
a ganhar com a diversidade dos tipos e dos figurinos.
Poderia ser um emblema da
companhia: Bill T. Jones traz mesmo à cena um microcosmo de tipos humanos. Os 11 bailarinos, na
sua diversidade, compõem, a seu
modo, um mapa humano. Seria
banal, se a diversidade não estivesse presente nos movimentos
-o que, no caso, faz toda a verdadeira diferença.
Bill T. Jones
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000)
Quando: hoje, às 21h
Quanto: de R$ 45 a R$ 110
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