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Crítica/"Querido John"
Diretor fracassa em drama açucarado
ALEXANDRE AGABITI
FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A dupla amor e guerra
tem grande tradição cinematográfica, atestam
dezenas de clássicos -de "A
Um Passo da Eternidade"
(1953), de Fred Zinnemann, a
"Hiroshima Meu Amor"
(1959), de Alain Resnais. "Querido John" fala de guerra e de
amor, mas não entrará nessa
lista de grandes obras.
O sueco Lasse Hallström tem
certa competência para encenar o romanesco e manejar a
emoção, mas fracassa estrepitosamente neste drama. Além
do convencionalismo da narrativa -"encontro, separação, escolha moral, reencontro"-, o
filme exagera nos infortúnios
ao alinhar casos de autismo,
câncer terminal, 11 de Setembro e guerra no Afeganistão.
Abusa do sentimentalismo e
escamoteia qualquer discurso
sobre o Exército ou a presença
militar americana em zonas de
conflito na Ásia ou na África.
Tudo embalado por melodias
açucaradas.
Pouco antes de partir novamente em missão, o soldado
John Tyree (Channing Tatum)
conhece a rica Savannah Curtis
(Amanda Seyfried). Apesar de
pertencerem a mundos diferentes, se apaixonam. Duas semanas depois, se separam trocando juras de amor: ela volta à
universidade, ele, ao combate.
Uma intensa troca de cartas
mantém a chama viva, mas, é
claro, há reviravoltas.
John é taciturno, caladão,
mas boa-praça. Quando não está no Exército, vive com o pai,
um misantropo colecionador
de moedas. A patricinha Savannah é idealista, cheia de altruísmo pelos desfavorecidos e sofredores. Um perfil que não
convence. O casal também não
convence, faltam química entre
eles e carisma aos atores.
Como todo dramalhão, o objetivo é fazer o espectador chorar, mas o filme acaba por entediá-lo com a crônica da América sulista, onde moças recatadas passam o verão construindo casas para os desvalidos, enquanto rapazes partem para
campos de batalha imbuídos do
ideal de defender a liberdade.
A overdose de bons sentimentos e de miserabilismo só
comove as mais simplórias
adolescentes e funciona como
veículo para um aspecto aparentemente secundário: a propaganda militarista.
QUERIDO JOHN
Avaliação: ruim
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