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ARTE/CIDADE
Catálogos mostram caminho do Arte/Cidade
MARA GAMA
do Universo Online
Em texto que está no catálogo do terceiro Arte/Cidade (A Cidade e suas
Histórias), com lançamento hoje, no Sesc, o crítico de arte Lorenzo
Mammì sintetiza de forma irretocável o que considera a encruzilhada atual do projeto: “O problema do Arte/Cidade 3, enquanto exposição de arte, não é a falta de boas obras (há algumas, embora não muitas, e pelo menos duas bastante significativas): o problema é que, se as obras fossem outras, o
significado da exposição seria mais ou menos o mesmo”.
Mammì observa que a marginalidade das obras dos artistas em relação ao
“evento” pode ser a outra face do crescimento do próprio projeto, que
tenderia a se impor sobre as iniciativas individuais, sufocando-as sob
seu conjunto de significados e objetivos. O crítico ainda propõe outro
olhar sobre o mesmo fenômeno: o processo de subordinação dos artistas à
mostra seria análogo ao processo de transformação da cidade em metrópole
industrial.
Para desenvolver ou contestar essas teses, nada melhor que os catálogos
fartamente ilustrados e agora editados sobre as três edições do
Arte/Cidade.
A documentação de todas as mostras, com fotos, fichas técnicas e
depoimentos dos artistas, revela o caminho do Arte/Cidade cada vez mais
engajado na perspectiva da intervenção urbana.
A trajetória partiu de uma etapa inicial, onde apenas um prédio, o do
Matadouro, em ruínas, foi repartido entre os artistas -e aí, talvez,
fosse mais eficiente como exposição de arte, mais circunscrito- até a terceira versão, em que um fragmento da cidade, degradado mas ainda articulado pela linha de trem, foi manipulado e se converteu num laboratório urbano.
A ampliação do recorte no desenvolvimento da idéia do Arte/Cidade impôs
maior complexidade dos temas.
Não por acaso, foi incorporada, na terceira versão do Arte/Cidade, a
participação de arquitetos: ao aumentar a escala da intervenção, o
Arte/Cidade chegou mais perto das questões vitais da arquitetura, do
urbanismo, do transporte, da topografia, do planejamento e da
comunicação visual em terreno urbano. Chegou mais perto da cidade, em
outras palavras.
E revelou mais sobre o tema da cidade, tanto do ponto de vista da
história da industrialização como da dinâmica da degradação. Nesse
âmbito, é um tipo de evento sem nenhum similar.
Também não por acaso, algumas das escolhas mais contundentes do projeto
da adequação do espaço para a mostra de arte geraram polêmica: a
sinalização visual e a inacessibilidade de alguns espaços.
Não era só saudade da galeria: o laboratório urbano trouxe para um
terreno mais doméstico o mesmo tipo de decisão que um projeto ou a
ausência de projetos impõe sobre a cidade.
O quê: lançamento dos catálogos do
Arte/Cidade (ed. Maca D'Água) e do
vídeo "Arte/Cidade - A Cidade e Suas
Histórias", de Jurandyr Muller e Kiko
Goifman
Quando: hoje, às 19h30
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel.
3871-7700)
Quanto: o vídeo, R$ 15; a caixa com
três catálogos, R$ 30 (não são
vendidos separadamente)
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