PAULO SANTOS LIMA
free-lance para a Folha

Os fãs de fotografia e cinema têm motivos para festejar. A mostra "Werner Herzog e Klaus Kinski por Beat Presser", com trabalhos do fotógrafo suíço, começa hoje e fica até o final do mês no MIS.
É uma chance rara, pois é a primeira vez que uma mostra de Presser vem ao Brasil. São 30 trabalhos, todos em preto-e-branco.
Presser acompanhou Herzog, registrando sua equipe, atores e filmes. Seu trabalho faz uma tênue ligação entre realidade e ficção, fundindo ator e personagem.
Um de seus mais destacados registros é o do ator Klaus Kinski em 77. Não é a pose de um personagem, mas do próprio homem, num estilo semelhante ao idealista que tenta levar a civilização à selva em "Fitzcarraldo".
Seu terno branco convive com o escuro do quarto. Essa imagem fica aos pedaços, graças ao contraste do preto-e-branco.
A presença do "outsider" Kinski pode ser vista em muitas das fotos. Morto em 91, o ator-fetiche de Herzog andou à margem do "star system". Acusado de toxicômano e devasso, seu rosto crispado emprestou talento ao cinema de Herzog, que fugia da ambientação urbana.
É discutível, mas a fotografia "realista", com luz total, dos filmes de Herzog vai de encontro às sombras de Presser. Esse é um aspecto que o público poderá observar na mostra, concordando ou não.

O quê: exposição fotográfica Werner Herzog e Klaus Kinski por Beat Presser Quando: de hoje a 28 de junho, das 14h às 22h Onde: MIS - Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 280-0896) Quanto: entrada franca


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