|
Próximo Texto | Índice
CINEMA/ESTRÉIAS
Afastado dos longas-metragens desde a década de 80, desenhista volta à cena com "Cine Gibi - O Filme"
Mauricio de Sousa se rende à tecnologia digital
Divulgação
|
O personagem Cascão em "Cine Gibi", adaptação para o cinema das tirinhas da Turma da Mônica feitas por Mauricio de Sousa |
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a Disney fala em
fechar as portas de seus estúdios de animação, meio que jogando a toalha diante do sucesso
avassalador de novos estúdios,
como Pixar e DreamWorks, aqui
no Brasil, o futuro da animação
aponta para um caminho contrário: a volta de Mauricio de Sousa.
Afastado das telas de cinema e
da produção de longas-metragens desde meados da década de
80, Sousa consegue lançar finalmente hoje "Cine Gibi", seu tão
prometido quanto adiado novo
filme com os personagens da Turma da Mônica.
O roteiro é simples. Franjinha, o
prodígio cientista da turma, inventa uma máquina de transformar gibis em filmes e convoca todos os amigos, incluídos aí Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali,
para uma sessão pública.
Entre um filme e outro, com duração de sete precisos minutos, os
"meninos" especulam sobre o
tempo, a vontade de ir ao banheiro e o ronco da barriga da Magali.
Metade adaptação das histórias
em quadrinhos já publicadas nas
revistinhas da editora Globo, metade criação de Mauricio e sua
equipe, que, na falta de assunto,
mas com a intenção de agradar
até as crianças menores, chega a
lançar mão do velho truque de
teatro de sombras.
Apegar-se às tradições, no entanto, talvez pudesse ter salvado o
filme de Sousa de uma por vezes
constrangedora rendição às possibilidades da tecnologia digital
-e do marketing dirigido. É que,
entre uma miniaventura e outra,
os personagens do desenho animado contracenam com estrelas
do universo pop "infanteen", de
Luciano Huck e Wanessa Camargo a Fernanda Lima e o próprio
Mauricio de Sousa.
Pensado e criado para poder
substituir os atores reais por seus
similares em outras praças do
mundo, para onde o autor e empresário pretende exportar "Cine
Gibi", o recurso deixa a desejar,
dando a hoje ultrapassada impressão de que os atores estão falando com um fundo azul.
Precisava? Talvez, se considerarmos que, mais que um longa
tradicional, com começo, meio e
fim, "Cine Gibi" pode ser visto
também como um piloto de programa diário de televisão, formato para o qual Sousa ensaia há
tempos: desenhos curtos e repletos de ação, intercalados por aparições de carinhas conhecidas
que, num mundo dominado por
pokémons e digimons, ajudam a
puxar as novíssimas gerações para o divertido e atemporal mundo
do "bailo" (bairro na versão de
Cebolinha).
(DIEGO ASSIS)
Cine Gibi - O Filme
Direção: José Márcio Nicolosi
Produção: Brasil, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines
Anália Franco, Kinoplex Itaim e circuito
Próximo Texto: "Didi quer ser criança": Renato Aragão se atrapalha em solo Índice
|