São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

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SP abre turnê de cantor do Bright Eyes

Cidade recebe o primeiro show do álbum solo de Conor Oberst, mais "orgânico e relaxado'; músico passa depois por Porto Alegre

Vocalista escolheu um estúdio no México, em Tepoztlán, cidade rodeada por montanhas, para dar um clima "informal" ao novo CD


Divulgação
Conor Oberst, 28, tem no currículo mais de 20 álbuns gravados, além de tocar uma gravadora

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Conor Oberst tem apenas 28 anos, mas ao olhar para seu currículo tem-se a impressão de que ele mente a idade. Já lançou quase duas dezenas de álbuns, participa de vários projetos e toca uma gravadora. Algumas de suas facetas serão apresentadas ao vivo no Brasil pela primeira vez.
Oberst toca em São Paulo em 16 e 17 de julho, no Studio SP, e em 20 de julho, no Santander Cultural, em Porto Alegre. As datas paulistanas são as primeiras da turnê mundial do músico, que passa ainda por Santiago e Buenos Aires antes de seguir para os festivais europeus e norte-americanos.
A turnê serve para promover "Conor Oberst", o disco que gravou como Conor Oberst and the Mystic Valley Band e que chega às lojas norte-americanas no início de agosto.
Para começar a entender o mundo de Oberst: seu principal projeto é a banda Bright Eyes, em que atua como vocalista e guitarrista. Ali, seu foco é a música folk, mas numa releitura que abre espaço para algumas experimentações rítmicas.
Com o Bright Eyes, lançou desde 1998 dez discos, entre álbuns de estúdio, compilações e ao vivo. O músico mesmo afirma que "Conor Oberst" não é muito diferente dos álbuns que lançou com a outra banda.
Então por que iniciar mais um projeto?
"Apenas porque Mike Mogus não toca no disco. Ele não poderia gravar conosco. Então não queria colocar o nome Bright Eyes. É como um disco solo", ele afirma à Folha, e acrescenta que nos shows brasileiros serão incluídas algumas canções do Bright Eyes.
"Conor Oberst" foi gravado no México, em Tepoztlán, cidadezinha a cerca de uma hora da capital mexicana, rodeada por montanhas e onde teria nascido a serpente Quetzalcoatl, uma divindade asteca.
"Não queria gravar em um estúdio tradicional", diz o músico, sobre a escolha do local.
"Já havíamos tocado no México, fizemos amigos lá. Um deles me sugeriu essa cidade. Conversei com o dono de uma pequena pousada e acertamos tudo. É uma cidade linda, perto das montanhas. Foi divertido e tranqüilo, sem estresse."
Essa atmosfera, afirma, acabou refletida no disco -músicas e letras são mais relaxadas e coloridas do que aquilo que se encontra no Bright Eyes.
"É mais informal do que os outros. Não é um álbum caseiro, pois tínhamos bons equipamentos, mas ele soa mais orgânico, relaxado. É o primeiro disco em alguns anos em que não utilizamos computadores. É muito "old school"."
Para gravar canções como "Sausalito" e "I Don't Want to Die (In the Hospital)", Oberst já estava com muitas das letras na cabeça antes de chegar à cidade mexicana.
"[O processo de composição] É misterioso para mim. Normalmente me vem uma melodia que fica grudada na cabeça. Uma ou duas linhas de letra chegam simultaneamente. Quando a melodia existe, me sento no piano ou com a guitarra e vejo onde vai dar. Não gosto de parar e tentar fazer uma canção. Não dá certo. Tenho que esperar até ela chegar."
Esse método existe desde que Oberst tinha dez anos, quando começou a tocar violão. Aos 13, lançou o primeiro disco, "Water", em fita cassete gravada pelo irmão. Depois vieram "Here's to Special Treatment" (1994) e "The Soundtrack to My Movie" (1996).
Conor Oberst é inserido em um grupo de artistas: o dos que estão revitalizando a folk music -gente como Devendra Banhart e Bonnie Prince Billy (este deve se apresentar no Brasil em novembro).
"O folk nunca desapareceu, mas por algum tempo recebeu menos atenção", afirma. "É música fácil de fazer, não precisa de grandes instrumentos, não precisa de tecnologia eletrônica. E é isso que faz do folk algo tão apaixonante e com apelo universal."


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