São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Corpo volta às origens com "Missa do Orfanato"

A partir de hoje no teatro Alfa, grupo reapresenta coreografia criada em 1989

Programa também inclui "Onqotô", de 2005; após SP, companhia irá a Buenos Aires, Montevidéu, Rio, Belo Horizonte e Salvador


BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO

Era 1989 quando o coreógrafo mineiro Rodrigo Pederneiras passou a explorar mais intensamente os movimentos fluidos que mais tarde definiriam seu trabalho com o Grupo Corpo. Composta a partir de música do austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), "Missa do Orfanato" foi o marco da nova fase e até hoje integra o repertório da companhia -mas não é montada no Brasil desde 1995.
Entre viagens pela Europa e pela América do Norte, o Corpo volta a ela a partir de hoje (dia 9), no teatro Alfa, em São Paulo, em um programa duplo formado com "Onqotô". Depois, a turnê, que começou desta vez em Brasília, segue com apresentações em Buenos Aires, Montevidéu, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador.
"Foi com a "Missa" que eu comecei a mudar a minha linguagem, quebrar as linhas, dar atenção à dinâmica do movimento", explica Rodrigo Pederneiras. "A peça tem uma importância muito grande para nós." Segundo o coreógrafo, diferentemente do que costuma acontecer com os trabalhos mais recentes, que sofrem ajustes nas remontagens, quase nenhuma mudança foi feita na peça de 17 anos atrás.
De lá para cá, no entanto, Pederneiras aprofundou suas propostas, soltou ainda mais as amarras de braços, pernas e quadris e estabeleceu uma linguagem de dança reconhecida internacionalmente e plenamente amadurecida em "Onqotô", composta em 2005 para as comemorações dos 30 anos da companhia.
Com trilha sonora original de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik -que já tinha composto para o Corpo em 1993 ("Nazareth") e em 1997 ("Parabelo", em parceria com Tom Zé)-, a coreografia explora reflexões existenciais sobre origens, destinos e a pequenez do homem em relação ao universo. No título, a mineiridade traduz a pergunta central: "Onde estou?".

Balé com Lenine
Enquanto acompanha as reapresentações de parte do repertório na turnê brasileira, Rodrigo Pederneiras deixa escapar que sente falta da solitária função de compor balés. "É estranho para mim não trabalhar em nada novo durante um ano inteiro", confessa.
Por conta das viagens internacionais da companhia, ele só tem criado novas montagens a cada dois anos. A exceção foi "Onqotô", que seguiu-se a "Lecuona" (2004) para marcar o aniversário do grupo.
"Na volta das viagens, eu componho pequenos trechos, mas esse trabalho exige demais dos bailarinos, que chegam exaustos das turnês no exterior", diz Pederneiras.
As expectativas estão, portanto, concentradas no segundo semestre de 2007, quando deve estrear uma peça com trilha sonora do cantor e compositor pernambucano Lenine. "Eu não tenho um tema decidido e ainda estamos "namorando'", diz o coreógrafo sobre a parceria. "Ele me apresentou uma sonoridade absolutamente estranha, muito pesada, violenta e, ao mesmo tempo, feita com sons de brinquedos. Minha idéia inicial é tratar da violência urbana."
Até lá, porém, o Corpo se dedica mais uma vez à paixão e ao regionalismo e leva pela primeira vez à Ásia os duos de "Lecuona", com músicas do cubano Ernesto Lecuona, e "Parabelo", a partir da parceria de Tom Zé e Wisnik. A turnê inclui Cingapura, Coréia do Sul, Taiwan e Macau.


GRUPO CORPO - ONQOTÔ E MISSA DO ORFANATO
Onde:
teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000)
Quando: dias 9 a 13/8 e 16 a 20/8 (de quarta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h)
Quanto: R$ 30 a R$ 70


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