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Corpo volta às origens com "Missa do Orfanato"
A partir de hoje no teatro Alfa, grupo reapresenta coreografia criada em 1989
Programa também inclui "Onqotô", de 2005; após SP, companhia irá a Buenos Aires, Montevidéu, Rio, Belo Horizonte e Salvador
BEATRIZ PERES
EDITORA DO EQUILÍBRIO
Era 1989 quando o coreógrafo mineiro Rodrigo Pederneiras passou a explorar mais intensamente os movimentos
fluidos que mais tarde definiriam seu trabalho com o Grupo
Corpo. Composta a partir de
música do austríaco Wolfgang
Amadeus Mozart (1756-1791),
"Missa do Orfanato" foi o marco da nova fase e até hoje integra o repertório da companhia
-mas não é montada no Brasil
desde 1995.
Entre viagens pela Europa e
pela América do Norte, o Corpo
volta a ela a partir de hoje (dia
9), no teatro Alfa, em São Paulo,
em um programa duplo formado com "Onqotô". Depois, a
turnê, que começou desta vez
em Brasília, segue com apresentações em Buenos Aires,
Montevidéu, Belo Horizonte,
Rio de Janeiro e Salvador.
"Foi com a "Missa" que eu comecei a mudar a minha linguagem, quebrar as linhas, dar
atenção à dinâmica do movimento", explica Rodrigo Pederneiras. "A peça tem uma importância muito grande para nós."
Segundo o coreógrafo, diferentemente do que costuma
acontecer com os trabalhos
mais recentes, que sofrem ajustes nas remontagens, quase nenhuma mudança foi feita na peça de 17 anos atrás.
De lá para cá, no entanto, Pederneiras aprofundou suas
propostas, soltou ainda mais as
amarras de braços,
pernas e quadris e
estabeleceu uma linguagem de dança reconhecida internacionalmente e plenamente amadurecida em "Onqotô",
composta em 2005
para as comemorações dos 30 anos da
companhia.
Com trilha sonora
original de Caetano
Veloso e José Miguel
Wisnik -que já tinha composto para o
Corpo em 1993
("Nazareth") e em
1997 ("Parabelo",
em parceria com
Tom Zé)-, a coreografia explora reflexões existenciais sobre origens, destinos
e a pequenez do homem em relação ao universo. No título, a
mineiridade traduz a pergunta
central: "Onde estou?".
Balé com Lenine
Enquanto acompanha as reapresentações de parte do repertório na turnê brasileira,
Rodrigo Pederneiras deixa escapar que sente falta da solitária função de compor balés. "É
estranho para mim não trabalhar em nada novo
durante um ano inteiro", confessa.
Por conta das viagens internacionais
da companhia, ele
só tem criado novas
montagens a cada
dois anos. A exceção foi "Onqotô",
que seguiu-se a
"Lecuona" (2004)
para marcar o aniversário do grupo.
"Na volta das viagens, eu componho
pequenos trechos,
mas esse trabalho
exige demais dos
bailarinos, que chegam exaustos das
turnês no exterior",
diz Pederneiras.
As expectativas estão, portanto, concentradas no segundo semestre de 2007, quando
deve estrear uma peça com trilha sonora do cantor e compositor pernambucano Lenine.
"Eu não tenho um tema decidido e ainda estamos "namorando'", diz o coreógrafo sobre a
parceria. "Ele me apresentou
uma sonoridade absolutamente estranha, muito pesada, violenta e, ao mesmo tempo, feita
com sons de brinquedos. Minha idéia inicial é tratar da violência urbana."
Até lá, porém, o Corpo se dedica mais uma vez à paixão e ao
regionalismo e leva pela primeira vez à Ásia os duos de "Lecuona", com músicas do cubano Ernesto Lecuona, e "Parabelo", a partir da parceria de
Tom Zé e Wisnik. A turnê inclui
Cingapura, Coréia do Sul, Taiwan e Macau.
GRUPO CORPO - ONQOTÔ E MISSA DO ORFANATO
Onde: teatro Alfa (r. Bento Branco de
Andrade Filho, 722, tel. 5693-4000)
Quando: dias 9 a 13/8 e 16 a 20/8 (de
quarta a sábado, às 21h, e domingo, às
18h)
Quanto: R$ 30 a R$ 70
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