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Divulgação
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Detalhe de "Ulisses e Penélope", que integra mostra em SP |
Telas de Aguilar seguem aventuras de Ulisses
Tradução de Haroldo de Campos para Homero serviu de inspiração ao artista
Produzidas ao longo de três meses, 23 obras compõem mostra individual, aberta a partir de hoje na Valu
Oria Galeria de Arte
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao longo de três meses de
trabalho, José Roberto Aguilar
produziu os 23 trabalhos da série "Ulisses, Transcrição Visual
da Odisséia". As pinturas feitas
com resina -técnica nova na
trajetória do artista- ganham
mostra a partir de hoje, na Valu
Oria Galeria de Arte.
Inspirado na tradução de Haroldo de Campos (1929-2003)
para a saga de Homero, Aguilar
retomou algumas passagens
importantes ("Gigante Polifemo", "O Barco de Ulisses", "Vitória" etc.), tomando-as como
ponto de partida para suas misturas e invenções cromáticas.
"Em 1994, eu já havia feito
uma transcrição visual da "Ilíada". Mais que revisitar o Homero, minha idéia é revisitar o Haroldo. Ficamos muito próximos a partir da década de 80",
conta o artista, que diz preferir
o "Haroldo de Campos barroco", menos falado e menos conhecido do que o "Haroldo de
Campos concreto".
"Naquela época, por conta
falta de liberdade, tinha muita
ousadia e experimentação. Hoje, pela liberdade total, existe
muito conservadorismo e negativismo", defende Aguilar.
A abertura da mostra coincide com a revisita à poesia concreta que o instituto Tomie Ohtake inaugura no dia 15.
"Foi coincidência, mas sinto
que há, sim, um clima de revisionismo no ar."
Música e política
Embora refiram-se à história
do filho do rei Ítaca, as telas não
foram ordenadas de maneira
seqüencial ou lógica. Embaixo
de cada composição, o título
do quadro é escrito com a própria resina.
"Em meia hora ela seca, é
preciso pintar tudo muito rápido. Você tem que resolver tudo
em 20 minutos", explica o artista, que afirma ter "mergulhado na epopéia" para conseguir
concluir o trabalho.
Questionado sobre a possibilidade de voltar à gestão cultural -Aguilar dirigiu a Casa das
Rosas entre 1995 e 2002-, o artista nega com a cabeça.
"Já paguei meu carma. A Casa das Rosas é tão linda... Mas
era muita politicagem", diz.
Por outro lado, Aguilar continua à frente da Banda Performática, conjunto criado em
1981 e que tinha como proposta
misturar linguagens: performance, poesia, pintura, dança e
música -Arnaldo Antunes e
Paulo Miklos integravam a
formação original. Composto
agora por Marcelo Maluf, César
Maluf, Marquinhos, Giba, Loop
B, Daniela e Gabi, o grupo
lançou no início deste ano o
CD "Anti Herói".
ULISSES, TRANSCRIÇÃO VISUAL DA ODISSÉIA
Quando: abertura hoje, a partir das
19h30; de seg. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 11h às 14h; até 1º/9
Onde: Valu Oria Galeria de Arte (al. Casa Branca, 1.130, tel. 3083-0173)
Quanto: entrada franca
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