São Paulo, quinta-feira, 09 de agosto de 2007

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Divulgação
Detalhe de "Ulisses e Penélope", que integra mostra em SP


Telas de Aguilar seguem aventuras de Ulisses

Tradução de Haroldo de Campos para Homero serviu de inspiração ao artista

Produzidas ao longo de três meses, 23 obras compõem mostra individual, aberta a partir de hoje na Valu Oria Galeria de Arte

GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao longo de três meses de trabalho, José Roberto Aguilar produziu os 23 trabalhos da série "Ulisses, Transcrição Visual da Odisséia". As pinturas feitas com resina -técnica nova na trajetória do artista- ganham mostra a partir de hoje, na Valu Oria Galeria de Arte.
Inspirado na tradução de Haroldo de Campos (1929-2003) para a saga de Homero, Aguilar retomou algumas passagens importantes ("Gigante Polifemo", "O Barco de Ulisses", "Vitória" etc.), tomando-as como ponto de partida para suas misturas e invenções cromáticas.
"Em 1994, eu já havia feito uma transcrição visual da "Ilíada". Mais que revisitar o Homero, minha idéia é revisitar o Haroldo. Ficamos muito próximos a partir da década de 80", conta o artista, que diz preferir o "Haroldo de Campos barroco", menos falado e menos conhecido do que o "Haroldo de Campos concreto".
"Naquela época, por conta falta de liberdade, tinha muita ousadia e experimentação. Hoje, pela liberdade total, existe muito conservadorismo e negativismo", defende Aguilar. A abertura da mostra coincide com a revisita à poesia concreta que o instituto Tomie Ohtake inaugura no dia 15.
"Foi coincidência, mas sinto que há, sim, um clima de revisionismo no ar."

Música e política
Embora refiram-se à história do filho do rei Ítaca, as telas não foram ordenadas de maneira seqüencial ou lógica. Embaixo de cada composição, o título do quadro é escrito com a própria resina.
"Em meia hora ela seca, é preciso pintar tudo muito rápido. Você tem que resolver tudo em 20 minutos", explica o artista, que afirma ter "mergulhado na epopéia" para conseguir concluir o trabalho.
Questionado sobre a possibilidade de voltar à gestão cultural -Aguilar dirigiu a Casa das Rosas entre 1995 e 2002-, o artista nega com a cabeça. "Já paguei meu carma. A Casa das Rosas é tão linda... Mas era muita politicagem", diz.
Por outro lado, Aguilar continua à frente da Banda Performática, conjunto criado em 1981 e que tinha como proposta misturar linguagens: performance, poesia, pintura, dança e música -Arnaldo Antunes e Paulo Miklos integravam a formação original. Composto agora por Marcelo Maluf, César Maluf, Marquinhos, Giba, Loop B, Daniela e Gabi, o grupo lançou no início deste ano o CD "Anti Herói".


ULISSES, TRANSCRIÇÃO VISUAL DA ODISSÉIA
Quando:
abertura hoje, a partir das 19h30; de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 14h; até 1º/9
Onde: Valu Oria Galeria de Arte (al. Casa Branca, 1.130, tel. 3083-0173)
Quanto: entrada franca


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