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MOSTRA
Ciclo "Aisthesis" inclui sete filmes, como "O Ano Passado em Marienbad", que serão tema de debates após projeções
CCBB exibe e discute estética no cinema
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Recuperar o sentido original da
palavra estética por meio da sétima arte é o objetivo da mostra que
começa hoje no Centro Cultural
Banco do Brasil e vai até o próximo dia 20. "Aisthesis", em grego
"compreensão pelo sentido", dá
nome ao conjunto de sete filmes
que guardam seus significados
mais na experiência sensorial que
desenvolve no espectador do que
em sua dinâmica narrativa.
A singularidade na forma em
que os cortes de cena são feitos, o
uso da trilha sonora não apenas
como mero fundo musical, a extrapolação dos limites da fotografia cinematográfica estão entre as
características das produções escolhidas pela curadora Jane de Almeida, 38, professora de pós-graduação em educação, arte e história da cultura da Universidade
Mackenzie.
A seleção vai de "O Demônio
das 11 Horas", de Jean-Luc Godard, passa por "F for Fake", de
Orson Welles, e chega a "Limite",
do brasileiro Mario Peixoto. Mas
tem como carro-chefe a exibição
de "O Ano Passado em Marienbad", de Alain Resnais, que há
cerca de uma década não é visto
em película em São Paulo.
Jane de Almeida afirma que são
poucas as realizações atuais que
têm a estética como proposta. "O
cinema agora está muito ligado ao
empreendimento do capital e não
foge a elementos que correspondam totalmente à realidade."
David Lynch, de "Cidade dos
Sonhos", é citado pela curadora
como exemplo de cineasta que
hoje trabalha essas idéias. "Cidade" não foi incluído por ter sido
exibido há pouco nos cinemas.
A mostra também promove palestras após as projeções com intenção de explicar e discutir aspectos importantes dos filmes.
"Existe um público que precisa
ser formado, para que não tenha
preconceito contra esse tipo de
produção. Muita gente diz que os
filmes são chatos, mas porque a
linguagem não é simples", diz.
Entre os debatedores, estarão a
articulista da Folha Lúcia Nagib,
que fala sobre o alemão "O Poder
dos Sentimentos", e a professora
do departamento de filosofia da
USP Olgária Mattos, que aborda
"Marienbad".
Para Jane de Almeida, o filme de
Alain Resnais "faz um corte no cinema e o faz pensar tendo suas
imagens não apenas como mera
ilustração".
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