São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Ano Novo chinês tem prévia na Liberdade

Culinária chinesa é um dos destaques; barracas venderão comidas e bebidas típicas

Comemoração tem início hoje, a partir do meio-dia, e antecipa a chegada do Ano do Porco, celebrado no próximo dia 18


JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se há duas palavras importantes para o chinês no que concerne à alimentação, são elas fartura e diversidade. Em especial quando se trata do Ano Novo, celebrado no dia 18.
Em uma espécie de prévia da data, a comunidade chinesa organiza hoje e amanhã, pelo segundo ano, uma festa no bairro da Liberdade, onde mostra um pouco de sua cultura e tradição por meio das artes marciais, da música, da dança e... da comida.
"No Ano Novo, as famílias chinesas preparam muitos pratos, como acontece aqui no Natal. Os parentes se encontram e têm uma grande comilança. Essa é a verdade! Cozinha-se de tudo: peixe, pato, frango, porco", explica Ling Wang, 45, consultora de cultura chinesa.
Na festa, uma versão diminuta da variada gastronomia chinesa será apresentada. Doze barracas montadas na rua Galvão Bueno (no trecho sobre a Radial Leste) venderão comidas típicas. As ofertas vão além dos famigerados yakisoba e rolinho primavera, embora eles também estejam presentes.
Quem pretender ampliar o repertório de sabores chineses pode começar pelo zong-zi. À base de arroz moti (variedade usada na cozinha oriental), lembra uma pamonha, tanto pelo formato quanto por ser embrulhado em folhas de bambu. Pode levar carne de porco, legumes e cogumelos -na feira, como será vendido pelo templo budista Zu Lai, será encontrado apenas na versão vegetariana.
Outra iguaria chinesa consumida nessa época é o nian-kao, uma espécie de bolo (pode ser salgado ou doce) preparado com farinha de arroz moti e água. Cozida no vapor, a massa é cortada em fatias e refogada com legumes, verduras e cogumelos, ou feita em uma calda rala com açúcar mascavo.

Abundância e fortuna
O consumo desses dois pratos vai ao encontro das simbologias e superstições que marcam a alimentação do chinês no Ano Novo. Por serem feitos de arroz moti, que aumenta de volume quando cozido, são encarados como um signo de fartura. O nian-kao tem ainda outro significado. Em chinês, "Kao" tem tanto o som da palavra "bolinho" quando o da palavra "crescer". Portanto, está duplamente associado à abundância.
Bem conhecido pelos brasileiros, muito embora pelo nome japonês (guioza), o jiau-zi é outra presença certa -ele está para o Ano Novo chinês, como o peru está para o nosso Natal.
Tal relevância tem pelo menos duas explicações. Uma delas relaciona seu formato de meia-lua ao cunho que o ouro tinha no passado. Por isso, acredita-se que ele atraia fortuna. Há ainda uma crença que remete à lenda do dragão.
Segundo a tradição popular, um monstro que morava no fundo do lago acordava, a cada 365 dias, cheio de fome e disposto a comer até gente. O que o espantava era o vermelho (das roupas e dos papéis colados na fachada das casa), o clarão das fogueiras (hoje substituídas pela queima de fogos) e o barulho da faca (usada para fazer o recheio do jiau-zi) batendo sobre a tábua.
Uma peça de roupa vermelha todos têm. Fogos e jiau-zi? É logo ali, na Liberdade...


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