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Ano Novo chinês tem prévia na Liberdade
Culinária chinesa é um dos destaques; barracas venderão comidas e bebidas típicas
Comemoração tem início hoje, a partir do meio-dia, e antecipa a chegada do Ano do Porco, celebrado no próximo dia 18
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se há duas palavras importantes para o chinês no que
concerne à alimentação, são
elas fartura e diversidade. Em
especial quando se trata do Ano
Novo, celebrado no dia 18.
Em uma espécie de prévia da
data, a comunidade chinesa organiza hoje e amanhã, pelo segundo ano, uma festa no bairro
da Liberdade, onde mostra um
pouco de sua cultura e tradição
por meio das artes marciais, da
música, da dança e... da comida.
"No Ano Novo, as famílias
chinesas preparam muitos pratos, como acontece aqui no Natal. Os parentes se encontram e
têm uma grande comilança. Essa é a verdade! Cozinha-se de
tudo: peixe, pato, frango, porco", explica Ling Wang, 45, consultora de cultura chinesa.
Na festa, uma versão diminuta da variada gastronomia chinesa será apresentada. Doze
barracas montadas na rua Galvão Bueno (no trecho sobre a
Radial Leste) venderão comidas típicas. As ofertas vão além
dos famigerados yakisoba e rolinho primavera, embora eles
também estejam presentes.
Quem pretender ampliar o
repertório de sabores chineses
pode começar pelo zong-zi. À
base de arroz moti (variedade
usada na cozinha oriental),
lembra uma pamonha, tanto
pelo formato quanto por ser
embrulhado em folhas de bambu. Pode levar carne de porco,
legumes e cogumelos -na feira,
como será vendido pelo templo
budista Zu Lai, será encontrado
apenas na versão vegetariana.
Outra iguaria chinesa consumida nessa época é o nian-kao,
uma espécie de bolo (pode ser
salgado ou doce) preparado
com farinha de arroz moti e
água. Cozida no vapor, a massa
é cortada em fatias e refogada
com legumes, verduras e cogumelos, ou feita em uma calda
rala com açúcar mascavo.
Abundância e fortuna
O consumo desses dois pratos vai ao encontro das simbologias e superstições que marcam a alimentação do chinês no
Ano Novo. Por serem feitos de
arroz moti, que aumenta de volume quando cozido, são encarados como um signo de fartura. O nian-kao tem ainda outro
significado. Em chinês, "Kao"
tem tanto o som da palavra "bolinho" quando o da palavra
"crescer". Portanto, está duplamente associado à abundância.
Bem conhecido pelos brasileiros, muito embora pelo nome japonês (guioza), o jiau-zi é
outra presença certa -ele está
para o Ano Novo chinês, como
o peru está para o nosso Natal.
Tal relevância tem pelo menos duas explicações. Uma delas relaciona seu formato de
meia-lua ao cunho que o ouro
tinha no passado. Por isso,
acredita-se que ele atraia fortuna. Há ainda uma crença que
remete à lenda do dragão.
Segundo a tradição popular,
um monstro que morava no
fundo do lago acordava, a cada
365 dias, cheio de fome e disposto a comer até gente. O que
o espantava era o vermelho
(das roupas e dos papéis colados na fachada das casa), o clarão das fogueiras (hoje substituídas pela queima de fogos) e o
barulho da faca (usada para fazer o recheio do jiau-zi) batendo sobre a tábua.
Uma peça de roupa vermelha
todos têm. Fogos e jiau-zi? É logo ali, na Liberdade...
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