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Grupo traz balé "neoclássico" a SP
Com a coreografia "Le Sang des Étoiles", do francês Thierry Malandain, Ballet Biarritz vem pela primeira vez ao Brasil
Espetáculo é encenado à "moda antiga" e foge dos padrões atuais da dança contemporânea, que usa vídeos e imagens no palco
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
À frente do Ballet Biarritz, o
coreógrafo francês Thierry Malandain é um espécime raro entre os seus pares europeus. Intérprete premiado que dançou
no Ballet da Ópera de Paris,
Malandain é um coreógrafo
que ainda acredita no balé clássico, nem sempre bem-visto
por contemporâneos.
É esta dança neoclássica que
o Ballet Biarritz mostra hoje e
amanhã, no teatro Alfa. A companhia, fundada por Malandain
em 1998, apresenta o espetáculo "Le Sang des Étoiles" ("O
Sangue das Estrelas") em sua
primeira passagem pelo país.
"Gosto da dança que mostra a
dança. Eu trabalho à moda antiga, sem tecnologia. É coreografia e música. Hoje, metade
dos trabalhos de dança na Europa tem vídeos. Os meus, não.
Por isso tenho dificuldades de
ser reconhecido, principalmente na França, onde a maioria das companhias é de dança
contemporânea", disse ele à
Folha, por telefone.
Na prática, Malandain não
tem do que reclamar. Sua companhia é sediada no Centro Coreográfico de Biarritz, com
apoio financeiro do governo
francês. E, pela proximidade do
País Basco, desde 2000 ele tem
uma parceria com a cidade de
San Sebastián, que dá verba
anual em troca de apresentações no teatro da prefeitura.
O Ballet Biarritz é formado
por 17 bailarinos de sete nacionalidades. Desses, 16 estarão
em cena em São Paulo. O balé
assinado por Malandain parte
do mito de Zeus e Calisto para
criar uma dança poética, embalada pelo som de Gustav Mahler, Richard Strauss, Ludwig
Minkus e Émile Waldteufel.
A ninfa Calisto é seduzida
por Zeus e com ele tem um filho, Arcas, enfurecendo Hera,
mulher de Zeus. Calisto é
transformada num urso, condenado a vagar pela floresta.
Um dia, a ninfa-urso encontra
seu filho, agora um caçador. Para evitar a tragédia, Zeus intercede, transformando-os em
duas constelações: a Ursa
Maior e a Ursa Menor.
"É um balé que fala da relação do homem com a natureza.
Não é um manifesto político,
apenas uma visão poética deste
mito", diz o coreógrafo, que
criou uma cena final na qual os
bailarinos vestidos de ursos
dançam ao som da música de
"La Bayadère", de Minkus.
LE SANG DES ÉTOILES
Quando: hoje e amanhã, 21h
Onde: Teatro Alfa (R. Bento Branco
de Andrade Filho, 722; tel. 5693-4000)
Quanto: de R$ 60 a R$ 90
Classificação: 12 anos
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