Saxofonista nascido no Brasil e radicado em NY se junta a seleção de músicos estrangeiros para mostrar improvisação

O britânico Phil Minton, conceituado vocalista da música de vanguarda, é um dos destaques; brasileiros completam a apresentação

Jeffrey Kliman/Divulgação

O saxofonista paulistano radicado nos EUA Ivo Perelman, que se apresenta hoje no CCSP

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é sempre que há um encontro tão provocante de artistas representativos da música de vanguarda internacional no mesmo palco. Tendo à frente o saxofonista Ivo Perelman, um dos principais nomes do free jazz atual, e o vocalista britânico Phil Minton, o grupo tentará mostrar o porquê de ter se autodenominado "Orquestra de Improvisação".
Os músicos subirão ao palco do Centro Cultural São Paulo, na noite de hoje, sem ensaios, set list programado ou tempo estimado para o show. Curioso notar que boa parte dos músicos nunca tocou junto. Amadorismo? Não se pensarmos que esse é o espírito do free jazz, estilo surgido há quase meio século em busca da liberdade total de criação e improvisação. "O free jazz é ainda uma música underground, mas com todas as glórias a que tem direito.
É impressionante notar que temos tido um crescimento do interesse por essa música nos últimos anos. Tenho sido contatado por muita gente jovem que tem buscado a música improvisada, apesar da falta de suporte das gravadoras e da divulgação deficiente", disse Ivo Perelman à Folha, de Nova York, por telefone, antes de embarcar para o Brasil.
Perelman, 48, nascido em São Paulo e radicado nos EUA desde os anos 80, é uma referência no mundo free jazzístico mundial. Acaba de lançar seu 32º álbum, "Mind Games", no mercado internacional.
"Essa grande jam session promete ser uma boa oportunidade para mostrar esse tipo de som. Também será marcante pelo trabalho vocal único de Phil Minton, um dos poucos representantes dessa linha atualmente", diz Perelman, que poucas vezes tocou no país em sua extensa carreira.
Além de Minton, desembarcam da Inglaterra o pianista Veryan Weston e Mark Sanders, um dos bateristas mais requisitados da música improvisada. Para completar o time estrangeiro, estarão presentes o baixista Luc Ex (Holanda) e violonista Chris Mack (Escócia). Os brasileiros Mauricio Takara, Kiko Dinucci e Rogério Martins completam a Orquestra de Improvisação.
Perelman diz que o público não irá se deparar apenas com barulhos e distorções, que costumam ser associados ao free jazz. "Da minha parte, o público pode esperar também por momentos marcados por uma linha musical mais leve, sintética, espelhando mais a rica tradição do sax tenor que vem dos anos 40 e 50."
"Nesses 28 anos que me encontro fora do país vejo aumentar apenas recentemente o número de pessoas do Brasil que me procuram interessadas no trabalho que faço. É fundamental apresentar esse tipo de música ao público e músicos brasileiros", diz.