São Paulo, segunda-feira, 10 de novembro de 2008

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Crítica/"Orquestra dos Meninos"

Más escolhas minam boas intenções de longa sobre maestro Mozart Vieira

Divulgação
Priscila Fantin e Murilo Rosa em "Orquestra dos Meninos"

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em síntese, "Orquestra dos Meninos" recupera criticamente um fato importante de nossa história recente e defende a arte como a maior virtude humana.
É, portanto, uma obra cheia de boas intenções, mas seu autor é Paulo Thiago, cujos filmes nos oferecem exemplos do abismo entre a vontade e o resultado na tela.
Recorrente em verter grandes obras literárias para o cinema, de Guimarães Rosa a Carlos Drummond de Andrade, o diretor, desta vez, pesca o caso real do maestro Mozart Vieira, autor de um belíssimo projeto que, desde 1993, oferece formação artística profissional a crianças carentes -resultando na já mundialmente reconhecida Orquestra de Meninos de São Caetano, no Estado de Pernambuco.
O sucesso incomodou os poderosos locais, e Vieira foi vítima, em 1995, de um complô que o acusou de seqüestro e abuso de um de seus alunos. Ele foi defendido das falsas acusações pelo sacerdote católico dom Helder Câmara e por representantes da classe artística.
Paulo Thiago defende a arte por meio da biografia e do drama de seu personagem-artista. Mas não faz boa arte, e o longa será um compêndio de más escolhas: os enquadramentos que colam feio no rosto dos atores e a dramaturgia simplória, que deixa os personagens extremamente unidimensionais, sobretudo os vilões caricatos (e do qual nem o ótimo Othon Bastos consegue sair ileso).
Por fim, o ator Murilo Rosa interpretando Mozart Vieira define o que é "Orquestra dos Meninos" e seu diretor. A cena em que Mozart pretende se suicidar, com arma sob uma fala que reitera o que o filme já comentara inúmeras vezes, é um dos tristes momentos do cinema nacional recente.

Avaliação: ruim



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