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MÚSICA
Livro, DVD e exposição de fotos fazem parte de iniciativa de Myriam Taubkin, que traça o mapa do instrumento
Projeto canta e vê as sanfonas do Brasil
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Inventada por um vienense e fabricada pela primeira vez na Itália
do século 19, a sanfona (ou acordeão, ou ainda, gaita) chegou ao
Brasil como quem procurava sua
raiz perdida. Trazida pela imigração, ela aprendeu o Brasil e, com
ela, o país aprendeu mais sobre
partes distintas de seu território.
Traçar o mapa desse instrumento em solo brasileiro foi a tarefa encampada por Myriam
Taubkin, pesquisadora musical
desde 1975, que coordena o Projeto Memória Brasileira, iniciado
em 1987. Os últimos resultados
desse trabalho serão lançados hoje: um livro, recheado de fotografias de Angélica Del Nery (que estarão em exposição), com projeto
gráfico de Gal Oppido, e um DVD
produzido por Sérgio Roizenblit.
A partir de um instrumento, o
Projeto Memória Brasileira partia
em busca de suas raízes, de sua
história e de seus músicos, culminando o trabalho com o lançamento de um CD. Na sua sexta
etapa, "O Brasil da Sanfona",
Taubkin optou por desdobrar o
trabalho em livro e em DVD.
"A sanfona acabou se tornando
um instrumento genuinamente
brasileiro", afirma. "Ela se adaptou de tal maneira que criou ritmos por onde passou, no Sul, no
Nordeste. O diferencial nesse projeto é que a pesquisa de identificação da cultura regional com o instrumento ficou mais profunda."
Mapeamento
"O Brasil da Sanfona" faz então
uma divisão geográfica do sanfonismo nacional, dividindo-o em
quatro grandes centros: Nordeste,
Brasil Central, São Paulo e Rio
Grande do Sul. Quatro pontos
unidos, segundo Taubkin, pelo lirismo próprio do instrumento e
pelo seu aspecto festivo, de comemoração. "É um instrumento que
faz brilhar os olhos", diz.
No Nordeste, onde começa a
viagem, imprescindível é lembrar
Luiz Gonzaga (1912-1989). E a justa homenagem ao Rei do Baião se
desvela, no DVD, nos versos de
Patativa do Assaré (1909-2002),
no que é provavelmente o último
registro de imagem do poeta cearense em vida.
A viagem segue pelos ritmos do
Centro-Oeste, com Dino Rocha e
Zino Prado, vai a São Paulo, onde
a imensa colônia de nordestinos
elegeu sanfoneiros como Dominguinhos para dançar e recordar a
terra, e chega ao Rio Grande do
Sul, onde o sentimento da fronteira é cantado e tocado pelas gaitas
de gente como Renato Borghetti e
Oscar dos Reis.
No DVD, são trazidas também
as performances dos instrumentistas realizadas no Sesc Pompéia,
em 2002, onde desfilam mestres
do porte de Sivuca, Arlindo dos 8
Baixos, Regina Waissman e Toninho Ferragutti, entre outros.
O curioso é que, mesmo com toda a tradição na sanfona, hoje o
país tem apenas uma fábrica. "E
mesmo assim, são instrumentos
médios. Quem mantém a sanfona
viva são os afinadores e consertadores", afirma Taubkin.
O BRASIL DA SANFONA. Lançamento
de livro e DVD (à venda por R$ 100) e da
exposição de fotos de Angélica Del Nery.
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93,
Pompéia, tel. 3871-7700). Quando: hoje,
às 20h (exposição em cartaz até 20/12).
Entrada franca. Patrocínio: Grupo
Galvani e MinC. Como comprar o livro:
myriamtaubkin@ig.com.br
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