São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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CINEMA

Filme de 1971 dirigido por Ken Russell integra festival fashion no CCBB

Musical explora múltiplos talentos da modelo Twiggy

Divulgação
A modelo Twiggy em cena do filme "O Namoradinho"


JACKSON ARAUJO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A modelo Twiggy é a estrela do delicioso musical "O Namoradinho" (1971), de Ken Russell, destaque de hoje do festival Filme Fashion, que está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até o dia 18 de julho.
Além de sua atmosfera otimista, o filme é uma excelente oportunidade para conhecer os múltiplos talentos da jovem Lesley Hornby. Nascida em 19 de setembro de 1949, num subúrbio ao norte de Londres, aos 16 anos Lesley viraria a modelo Twiggy, uma das imagens mais influentes da moda de todos os tempos.
O filme de Russell tem um certo tom biográfico, já que, como Lesley, a protagonista Polly Browne vira estrela por golpe do acaso. Filha de família classe média, a menina magricela ganhou dos amiguinhos o apelido Twiggy ainda nos tempos de escola. "Twig" quer dizer galho fino ou varinha de condão.
Seu primeiro trabalho foi de assistente num salão de beleza, ambiente perfeito para mergulhar no mundo das revistas de moda. Ela fazia suas próprias roupas e lavava cabelos quando foi descoberta pelo jovem mod Nigel Davies, mais tarde seu namorado e agente. Foi ele quem levou a tímida Twiggy ao famoso cabeleireiro Vidal Sasson, autor do histórico corte andrógino, que eternizou sua imagem e fez a modelo ganhar o título "Face of the Year" do periódico britânico "Daily Express", em 1966.

No estúdio
A supermodelo daquele momento nunca pisou numa passarela e fez sua carreira em estúdios fotográficos. Num ensaio, Twiggy conheceu o desenhista russo Erté, com quem foi ao teatro assistir à versão inglesa do espetáculo "O Namoradinho", hit da Broadway de 1954 com Julie Andrews no papel de Polly. Depois de três anos de agenda lotada, a modelo fotográfica mais requisitada do mundo já estava cansada da profissão e foi incentivada por Erté a fazer como Polly: cantar, dançar e interpretar.
É aqui que a vida imita a arte. No dia seguinte, Twiggy foi jantar com Ken Russell e sua mulher, Shirley. Na mesa, comentou que Erté tinha dito para ela virar atriz, e Ken Russell adorou a idéia. Um ano depois, Twiggy estava estudando sapateado e canto para filmar "O Namoradinho", que lhe rendeu dois Globo de Ouro, como atriz revelação e melhor atriz de musical.
No filme, a jovem Polly, espécie de faz-tudo no backstage de uma companhia mambembe de teatro, é colocada em cena pelo diretor malucão para substituir a atriz principal que havia quebrado o pé e não podia interpretar. Naquela tarde, a ingênua e doce Polly brilha no palco do teatro decadente, mas é vista por um importante produtor de Hollywood.
No filme, atenção para os figurinos assinados por Shirley Russell e para a cenografia a cargo de Tony Walton, superfashion e em sintonia com a corrente escapista que toma conta da moda nestes anos 2000.
Depois de atuar em vários filmes, publicar a autobiografia "Twiggy in Black and White", ter programa próprio de entrevistas e gravar o álbum "Midnight Blue", a incansável Twiggy lançou sua linha de cosméticos, em 2003, e planeja a abertura da marca de roupas Twiggy Retro!.



FILME FASHION. Quando: exibição de "O Namoradinho" hoje, de Ken Russell, às 17h; a mostra vai até o dia 18. Onde: CCBB (r. Álvares Penteado, 112, centro, tel. 3113-3651). Quanto: R$ 4. Programação completa no site oficial www.filmefashion.com.br.



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