São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição é aberta hoje na Pinacoteca

Formas e volutas de Edgard de Souza voltam a SP em panorâmica

ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

O homem e suas formas estão de volta a São Paulo. Sem expor há quatro anos na cidade, Edgard de Souza, 42, retorna ocupando o octógono e o hall da Pinacoteca com 30 peças, produzidas entre 1989 e o ano passado, em "A Voluta e Outros Trabalhos".
O termo "retrospectiva", no entanto, é substituído por "panorâmica", preferido pelo artista e pelo curador, Adriano Pedrosa.
A denominação faz sentido na medida em que as volutas e as formas humanas que Edgard confere às matérias-primas (madeira, mármore, bronze, couro) vão e vêm, em séries que às vezes chegam a durar quase dez anos, como as "Gotas" (1993-2001).
"Chamar a mostra de panorâmica tem a ver com o ritmo do meu trabalho, de uma produção meio lenta mesmo, cuja execução é mais demorada e permanente."
O ponto de partida da mostra da Pinacoteca foi uma outra exposição, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, em 2001. No prédio projetado por Oscar Niemeyer, a amplidão do espaço deu mais esculturas à mostra. Na Pinacoteca, a presença das paredes determinou outros tipos de trabalhos. "Na Pampulha, o ambiente é modernista. Aqui, o pano de fundo é aquela arquitetura meio Ramos de Azevedo, meio Paulo Mendes da Rocha, que eu adoro", observa Edgard. "Acho que no final deu certo. Pegamos o espaço da Pinacoteca que tem a arquitetura mais forte, e até a última hora dá um certo medo de que a mostra seja engolida pelo espaço, mas não foi o que aconteceu."
A curadoria de Adriano Pedrosa é uma longa parceria. Foi ele o curador de "Um e Outro", mostra de Edgard na 24ª Bienal de São Paulo, em 1998. Pedrosa também organizou a mostra da Pampulha, e agora, na Pinacoteca. "O Adriano talvez seja o curador que mais se aproxima do meu trabalho, que me companha desde o início."
A peça mais recente da mostra na Pinacoteca é um nariz em mármore, inédito. "É o meu nariz", revela o artista. "É algo que sempre me perseguiu. Tenho o nariz grande e torto, desde criança é uma coisa que eu carrego. E daí eu resolvi encará-lo e eternizá-lo", brinca. "Eu sempre trabalhei muito com a auto-representação; naqueles bronzes todos, a referência é o meu corpo, sou eu espelhado. Acho que o nariz pontua essa parte da produção."
Sobre os 15 anos de produção contemplados na mostra, Edgard diz que "o que a gente faz é depurar as formas. Quando a gente é jovem, tem uma idéia a cada minuto. Com o tempo, acho que a tendência é ir focando certos pontos. Olhando para trás, às vezes penso que se eu tivesse conseguido focar em alguma coisa, talvez tivesse produzido mais... Mas não sei se é verdade".


A VOLUTA E OUTROS TRABALHOS. Exposição de cerca de 30 obras de Edgard de Souza. Onde: Pinacoteca do Estado (praça da Luz, 2, tel. 3229-9844). Quando: hoje, das 11h às 14h; de ter. a dom., das 10h às 17h30; até 14/11. Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados).


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