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ARTES PLÁSTICAS
Exposição é aberta hoje na Pinacoteca
Formas e volutas de Edgard de Souza voltam a SP em panorâmica
ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL
O homem e suas formas estão
de volta a São Paulo. Sem expor
há quatro anos na cidade, Edgard
de Souza, 42, retorna ocupando o
octógono e o hall da Pinacoteca
com 30 peças, produzidas entre
1989 e o ano passado, em "A Voluta e Outros Trabalhos".
O termo "retrospectiva", no entanto, é substituído por "panorâmica", preferido pelo artista e pelo curador, Adriano Pedrosa.
A denominação faz sentido na
medida em que as volutas e as formas humanas que Edgard confere
às matérias-primas (madeira,
mármore, bronze, couro) vão e
vêm, em séries que às vezes chegam a durar quase dez anos, como as "Gotas" (1993-2001).
"Chamar a mostra de panorâmica tem a ver com o ritmo do
meu trabalho, de uma produção
meio lenta mesmo, cuja execução
é mais demorada e permanente."
O ponto de partida da mostra
da Pinacoteca foi uma outra exposição, no Museu de Arte da
Pampulha, em Belo Horizonte,
em 2001. No prédio projetado por
Oscar Niemeyer, a amplidão do
espaço deu mais esculturas à
mostra. Na Pinacoteca, a presença
das paredes determinou outros tipos de trabalhos. "Na Pampulha,
o ambiente é modernista. Aqui, o
pano de fundo é aquela arquitetura meio Ramos de Azevedo, meio
Paulo Mendes da Rocha, que eu
adoro", observa Edgard. "Acho
que no final deu certo. Pegamos o
espaço da Pinacoteca que tem a
arquitetura mais forte, e até a última hora dá um certo medo de que
a mostra seja engolida pelo espaço, mas não foi o que aconteceu."
A curadoria de Adriano Pedrosa é uma longa parceria. Foi ele o
curador de "Um e Outro", mostra
de Edgard na 24ª Bienal de São
Paulo, em 1998. Pedrosa também
organizou a mostra da Pampulha,
e agora, na Pinacoteca. "O Adriano talvez seja o curador que mais
se aproxima do meu trabalho, que
me companha desde o início."
A peça mais recente da mostra
na Pinacoteca é um nariz em mármore, inédito. "É o meu nariz",
revela o artista. "É algo que sempre me perseguiu. Tenho o nariz
grande e torto, desde criança é
uma coisa que eu carrego. E daí eu
resolvi encará-lo e eternizá-lo",
brinca. "Eu sempre trabalhei muito com a auto-representação; naqueles bronzes todos, a referência
é o meu corpo, sou eu espelhado.
Acho que o nariz pontua essa parte da produção."
Sobre os 15 anos de produção
contemplados na mostra, Edgard
diz que "o que a gente faz é depurar as formas. Quando a gente é
jovem, tem uma idéia a cada minuto. Com o tempo, acho que a
tendência é ir focando certos pontos. Olhando para trás, às vezes
penso que se eu tivesse conseguido focar em alguma coisa, talvez
tivesse produzido mais... Mas não
sei se é verdade".
A VOLUTA E OUTROS TRABALHOS.
Exposição de cerca de 30 obras de
Edgard de Souza. Onde: Pinacoteca do
Estado (praça da Luz, 2, tel. 3229-9844).
Quando: hoje, das 11h às 14h; de ter. a
dom., das 10h às 17h30; até 14/11.
Quanto: R$ 4 (grátis aos sábados).
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