Saxofonista americano toca hoje no Bourbon

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O público paulista tem a chance de ouvir três atrações do ótimo festival Tudo É Jazz, que vai agitar Ouro Preto (MG), de quinta a domingo. O saxofonista norte-americano Joshua Redman abre hoje a série Bourbon Street Jazz Nights, que também destaca o trio do pianista Aaron Goldberg (amanhã) e o reencontro de João Donato com o saxofonista Bud Shank (quinta).
Bem conhecido por aqui, Redman tem experimentado, ultimamente, uma formação pouco comum no jazz: o trio sem piano ou guitarra. "O que eu mais gosto nesse formato é a tremenda liberdade que ele oferece em relação à melodia e ao ritmo", diz o saxofonista, que toca acompanhado pela bateria de Greg Hutchinson e pelo baixo de Matt Penman.
Seu novo álbum, "Back East" (Nonesuch), ainda inédito no Brasil, chama atenção pelas referências temáticas e sonoras ao Oriente. "Fui exposto a esses sons desde cedo. Minha mãe era bailarina e adorava diversos tipos de música, especialmente da Índia e da Indonésia. Essas influências já estavam em outras coisas que fiz, mas no contexto de trio surgem de maneira mais definida", explica.
Quando convidou o pai, Dewey Redman (cultuado saxofonista do jazz de vanguarda dos anos 60 e 70), a participar do álbum, Joshua não sabia que aquele seria seu último encontro com ele, morto um ano atrás, por falência do fígado.
"Nos divertimos gravando juntos, mas, claro, sendo a última vez em que nos vimos, a música ganhou um significado maior. Eu gostaria de ter tido a chance de me despedir de meu pai de uma maneira mais pessoal, mas ao menos tivemos essa despedida festiva", comenta.
Ao ouvir o nome de Aaron Goldberg, Redman lembra que ainda tocavam juntos, na última vez que se apresentou em São Paulo, em 2001, no mesmo palco. "Gosto muito do trio dele. Aaron é um dos melhores entre os pianistas que estão tocando por aí. Vai ser divertido encontrá-lo de novo".