Cristina Rogozinski e Flávia Ribeiro mostram novas obras a partir de hoje

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A aparente intimidade da sala da Estação Pinacoteca que abriga mostras de gravura virou um lugar de "embate" e de "contemplação", segundo as artistas Cristina Rogozinski, 43, e Flávia Ribeiro, 53, que exibem no local seus novos trabalhos a partir de hoje.
A exposição tem curadoria de Tiago Mesquita e reúne sete gravuras em grande escala, as maiores com 4,2 m de altura. "É uma espécie de campo ampliado de nosso olhar", avalia o curador, que também assinou os textos da mostra anterior das duas artistas, realizada na galeria Marilia Razuk, em 2007.
"A gravura tem muito do componente físico, é um embate mesmo, forte, e acho que isso transparece na exposição", afirma Ribeiro, que optou, junto de Rogozinski, por usar a técnica de xilogravura (gravura em madeira), mas é mais conhecida por sua produção de gravura em metal.
Ribeiro foi um dos principais nomes brasileiros na 23ª Bienal de São Paulo, em 1996, mas já havia participado da 20ª edição, em 1989.
"Mas nesses trabalhos não há preciosismo, às vezes tão enfatizado com as gravuras. As coisas acontecem mais livremente", conta Ribeiro. Por isso, a escolha de um papel comum para as obras e a decisão de não corrigir as marcas das emendas, por exemplo.
As duas artistas pegam fotografias digitais de paisagens diversas, escolhem detalhes que acham interessantes e convertem para uma matriz, de onde sairão as gravuras.
"Usando a grande escala, há apenas indícios do que era a imagem original. É como um zoom, há aproximação e afastamento na relação do observador com a obra", diz Rogozinski. "Ao mesmo tempo, pensamos o espaço como algo contemplativo. O espectador pode chegar aqui e ver os trabalhos em conjunto, como se fossem paisagens. Por isso, os quatro bancos no centro da sala."
Ribeiro destaca na montagem as colunas, que dialogam com a leitura das obras. "Elas trazem algo de voyeurismo, como se você visse relances e "flashes" de situações."